Anfitrião do programa Algodão Doce, na Antena 3, Gonçalo Castro começou a trabalhar na Valentim de Carvalho do Rossio em 1998. Aqui fica o seu testemunho:
1998, Portugal estava a vibrar com a Expo, e depois de algumas experiências com biscates resolvi arranjar um emprego a sério. O primeiro lugar para onde resolvi candidatar-me foi a Valentim de Carvalho. Era uma escolha óbvia pois passava imensas horas nas lojas, lia tudo o que encontrava sobre música, e sempre me considerei um rapaz simpático e bem disposto. Na altura, a Valentim de Carvalho editava uma revista gratuita que se encontrava nas lojas e que incluía um impresso que se preenchia para se candidatar a um emprego. E assim fiz.
Passadas algumas semanas fui chamado para uma entrevista em Paços de Arcos onde preenchi um questionário com uma série de perguntas, tipo exame inglês, de trivia musical. Fui então a uma entrevista com a pessoa responsável dos recursos humanos, e no final desta informaram-me que iriam entrar em contacto comigo passados alguns dias. E assim foi, dois ou três dias depois lá recebi uma chamada a dizer que tinha sido escolhido e que me deveria apresentar ao serviço para começar o treino e a trabalhar.
Salvo erro, em Outubro de 1998 lá comecei eu então a trabalhar ao balcão da Valentim de Carvalho, e ao longo de quase dois anos trabalhei em várias lojas, desde a mítica loja no Rossio (fui um dos últimos funcionários da loja), passando pelo recém inaugurado Vasco da Gama e ainda pelo Chiado. Numa altura em que a Internet ainda era para poucos, tive imensos momentos únicos a tentar decifrar o que alguns clientes queriam (sim, as pessoas cantavam as músicas...) ou quem aparecia com os nomes dos grupos escritos como "Gruve and Mother" (Groove Armada).
Foram tempos fantásticos onde tive o prazer de vender muita música a muita gente, de partilhar inúmeras histórias com os meus colegas, dividir experiências e aprender muito. Ainda hoje digo que caso ganhasse o EuroMilhões abriria uma loja de discos para voltar a ter esse contacto. Termino com uma música que faz parte do disco Endtroducing do DJ Shadow: de cada vez que o punha a tocar nas lojas, vendia um ou mais exemplares desta obra prima, que me vai para sempre lembrar dos meus tempos de vendedor de discos.