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Primavera para onde vais?

Señor Pelota

O NOS Primavera Sound 2019 esteve dentro da sua essência e que surpreende sempre mesmo quem já vai há muitos anos. O único e agradável Parque da Cidade, a constante preocupação da preservação do espaço; o cuidado e bom gosto na intervenção das marcas, a fluidez, qualidade e variedade dos serviços; as pequenas mudanças no recinto são sempre para melhor de ano para ano e tudo isto é já imagem de marca deste festival que deveria servir de exemplo para muitos outros grandes certames da música em Portugal.


Foto: Hugo Lima




Mas para falar desta edição é preciso recuar até ao início da sua história que começa em Barcelona em 2001 e que chega ao parque da cidade do Porto em 2012. Este festival arranca no início do milénio na turística capital da Catalunha, em resposta ao já consagrado Sónar mais dedicado às sonoridades eletrónicas vanguardistas, ou música avançada como se apelidaram desde o início. O Primavera encontrava assim a sua essência na chamada música independente e alternativa, sendo que essas denominações levam sempre a interpretações várias e davam uma dissertação só por si. É importante perceber que o festival cresce um pouco à boleia destas sonoridades que ganham força na viragem do milénio. O aparecimento e rápida ascensão de bandas como The Strokes, White Stripes ou Franz Ferdinand a trazerem as guitarras e o Rock de volta à ribalta; ou outras como os LCD Soundsystem que vieram provar que é possível baralhar géneros e ser-se genial. Tudo isto cabia dentro do chamado novo movimento Indie e o Primavera fez disso a sua bandeira.  

Este ano falou-se muito de ecletismo no cartaz, mas na verdade essa foi sempre palavra de ordem do Primavera. Temos na sua história edições com mais guitarras e outras em que foram os sintetizadores os protagonistas; tanto predomina o formato canção como se arrisca em experimentalismo; sempre houve aposta clara em sangue novo e desconhecido, como em trazer valores consagrados ou revisitar algumas lendas vivas improváveis. Aqui cabe o Pop, Rock, Soul, R&B, Hip-Hop, Jazz, Eletrónica ou World Music. As escolhas dos programadores, sempre bem justificadas, foram sendo bem recebidas pelo seu público que se foi fidelizando até hoje. Ano após ano a confiança foi crescendo e a grande maioria dos bilhetes são vendidos assim que saem as datas sem qualquer nome anunciado, esgotando sempre. Esse é o ADN do Primavera Sound.


Foto: Hugo Lima



Segundo os números oficiais, o Porto não esgotou, teve longe das vendas de anos anteriores, houve menos estrangeiros, 60% foi público novo que nunca tinha ido antes ao festival e as médias de idades desceram. Vamos tentar perceber o porquê desta nova realidade. 
2019 marca definitivamente o ano de um início de mudança na identidade do festival, assumido pelos organizadores o desejo de baixar a idade-média dos seus frequentadores e abrir a novos públicos e outras línguas justificando a aposta de cabeças-de-cartaz como Solange, J Balvin e Rosalía. Também foi dito que este era um ano mau para festivais, pois aqueles nomes grandes que normalmente fazem a bilheteira sozinhos não estavam disponíveis. Essa teria sido também uma das razões para explorar outras sonoridades. 

O irmão mais velho de Barcelona goza do estatuto de um dos maiores da Europa, onde existem mais palcos, o cartaz é muito mais extenso e completo. Mas ali apesar de caber muito mais gente, parece que a escolha de artistas do Reggaeton ou do Flamenco-pop como apostas fortes não foi um problema nas vendas. É preciso perceber a tradição da vizinha Espanha a consumir música de raiz latina e sobretudo cantada na língua castelhana. A realidade em Portugal é diferente e isso refletiu-se na resistência à recetividade a essas sonoridades naquele contexto, salvo raras exceções que valem pela experiência ainda são os grandes cabeça-de-cartaz que vendem bilhetes e esgotam festivais. Se calhar por isso a organização fez questão de avançar já os norte-americanos Pavement como primeiro nome para a edição de 2020, salientando que vai ser um dos poucos concertos da banda no ano que vem.


Foto: "Lena d'Água" de Hugo Lima



Agora o destaque para o que nos encheu as medidas naquilo que mais interessa, a música. Este foi o ano das senhoras, onde vimos um bem-vindo e rejuvenescido regresso de Lena d’Água, a Courtney Barnett que brilhou e reconfirmou o seu estatuto, a doce Neneh Cherry deu-se a conhecer e comoveu toda a gente, e a sempre incrível Kate Tempest que nos levou na sua viagem política e visceral. 

Para os fãs das guitarras houve as certezas do carismático Jarvis Cocker, os Interpol que deram concerto cheio de clássicos, a densidade dos Low e os residentes mas sempre competentes Shellac. Belas surpresas foram os divertidos Viagra Boys com o seu post punk que funcionou perfeitamente ao final da tarde e finalmente Amyl & The Sniffers, um ovni difícil de descrever que chega da Austrália. É Punk no seu estado puro com uma carismática vocalista quem tanto tem um pouco de Peaches como de Juliette Lewis e que leva tudo à frente no palco de uma ponta à outra. Há guitarras no sítio certo e secção rítmica de fazer inveja. Tudo isto com muito boa disposição e incríveis penteados a condizer entre todos os membros da banda.


Foto: "Viagra Boys" de Hugo Lima



Menção honrosa e merecida a Jorge Ben que aos 74 anos é um dos músicos mais importantes do legado tropicalismo do Brasil. Acompanhado por uma orquestra funk-samba, que sem tirar o pé do acelerador faz a festa sempre com a dose certa de groove e romantismo. Sr Jorge é claro o maestro disto tudo, numa carreira tão extensa era impossível caber tudo num concerto, mas não faltaram os clássicos País tropical, Minha Menina, ou Take it easy my brother Charlie.
Ali está uma estrela global, um homem apaixonado pelas suas canções e por tocá-las ao vivo, provavelmente vai morrer a fazê-lo. 

Mas a coroa vai mesmo para a rainha Erykah Badu, que nos fez esperar 35 min que valeram a pena por toda a sua entrega, e não se deixou fotografar qual verdadeira diva que é. Tudo isso são pormenores tal foi a imprevisibilidade do espetáculo que apresentou. Um ritual quase xamânico de liberdade total, onde a artista muito bem acompanhada por uma super banda nos levou pelo Jazz, R&B e Soul, claro. Cabe tudo ali debaixo desta sua nova persona musical tão difícil de definir, mas que enche qualquer palco!


Foto: Hugo Lima



Resumindo foi um ano bom, tivemos história, sempre de acordo com a tradição a que o Primavera Sound nos habituou, no entanto houve uma mudança assumida de paradigma, que se forem feitas as apostas no cavalo certo ficaremos todos a ganhar.
Para o ano lá estaremos confiantes, a ver onde nos vai levar. Até 2020.

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