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A Primavera a Crescer

Señor Pelota

O desafio de fazer uma apreciação daquilo que foi para mim a edição de 2015 do Primavera Sound do Porto traduz-se inevitavelmente em algumas comparações com 2013, ano da minha estreia no parque da cidade.

 

Dizer já que uma vez mais estamos perante uma excelente organização e um recinto que faz inveja a todos os outros grandes festivais não somente mas também de Portugal. No entanto, foi com alguma apreensão que observei algumas alterações relativamente a 2013. Muito mais gente — três dias com perto de 80 mil pessoas de 40 nacionalidades que vieram celebrar a(o) Primavera — o que resultou pela primeira vez em filas nas comidas e bebidas: tentei comer a sagrada sandes do Guedes mas sem sucesso, o que me deixou um pouco irritado. 

A destacar que continua a ser um festival para gente adulta, pois além das clássicas cerveja e cidra, podemos encontrar nos principais bares alguma variedade de bebidas espirituosas. O bar dos vinhos também continua a funcionar, mas a 4€ cada copo, este ano não fiquei muito cliente. Boa feira com discos, roupa e acessórios a condizer com a fauna predominante e o parque de bicicletas com vigilância na entrada do recinto; quando vão aprender os outros festivais a seguir estes exemplos?

 

 

Mas, ainda que o ambiente prevaleça muito saudável com média de idades superior à maioria da concorrência e com proporção favorável aos melómanos em detrimento dos desinteressados em música e mais na experiência da rede social, temo que este irmão mais novo da versão de Barcelona se esteja a afastar do caminho da luz. As mudanças de patrocinador (Optimus para Nos), que se assume como marca das massas mesmo que continue a respeitar a essência da simplicidade e pureza do festival na sua activação, os brindes em demasia e as outras marcas presentes começam a poluir este jardim E isso não é bom. 

A alteração do parceiro oficial de rádio da Antena 3 para Comercial é algo que também ninguém entende: estes públicos tocam-se? Finalmente, o mais preocupante fica na escolha do alinhamento, a proporção desequilibrada de nomes frescos relativamente aos valores confirmados com excesso de revivalismo E A falta de projectos portugueses emergentes que encaixavam que nem uma luva neste festival. É pena que já não se arrisque tanto. Esperemos que isso mude em 2016 ou correm o risco de perder fãs e ganhar clientes.

 

 

Primeiro dia


Dado o trânsito na Invicta, infelizmente não cheguei a tempo do acoustic / spoken word de Patti Smith no Placo Pitchfork, mas cruzei-me com várias pessoas de sorriso nos lábios que vinham do concerto e foi unânime a opinião de que tinha sido grande. Ao que sei, foi muito pouco de palavra dita e mais perto daquilo de um ensaio geral para o que no dia seguinte ia ser apresentado no palco principal.

 

 

Segui para Fka Twigs: é uma senhora gata tigresse, inglesa nos seus 30 e poucos, claramente em forma mas que apesar de ser charmosa que se farta podia estar mais bem vestida. Trás boas coreografias e excelente componente visual, mas com alguma falta de consistência a nível de performance. Com pena, percebe-se que as músicas são todas pré-programações e apenas 2 esforçados percussionistas tocam realmente alguma coisa ao vivo. O registo é dubstep meets pop & soul e sim, as frequências graves tocam cheias e alto que se farta no PA do palco Super Bock, mas não chega. Acho que depois disto vou continuar a gostar mais dela em disco e abandono o concerto antes de acabar. De saída ainda oiço alguém dizer "se ao menos ela se abanasse como a Blaya dos Buraka", se ao menos…

Os Interpol - Eram os cabeça de cartaz deste primeiro dia, mas a questão é qual a sua relevância em 2015? Eu deixei de os ouvir ao 2 º álbum, mas não se lhes pode negar que foram a primeira banda do seu tempo a fazer este revivalismo Joy Division. Depois vieram os The National, She Wants Revenge e finalmente as Savages, de quem sou fã assumido.  Confesso que não estava muito entusiasmado mas lá fui ver e não tenho boas noticias: Paul Banks, o vocalista parecia outra pessoa. Foi um momento de vergonha alheia de tão mal que cantou os primeiros temas e, ainda que fosse melhorando, não chegou a convencer. Actuação morna que não vai deixar saudades.

Ouvi da boca de um amigo: “Sabes quem são os Interpol? São os Bon Jovi do alternativo”. Ri-me! Mas pronto, também não vamos tão longe.

 

 

Há esperança, The Juan Maclean - O PunkFunkDiscoHouseElectrónico deste colectivo de New York já não é fresco, mas isso não quer dizer que em 2015 não saiba bem revê-los. A banda de Jonh Mclean e companhia é parente próxima dos LCD SoundSystem e se calhar é quem melhor representa hoje o legado do som DFA. Nancy Wang está feita frontwoman a sério e isso faz com que este concerto tenha resultado muito melhor do que todos os outros a que já assisti desta malta. Apetece dizer que finalmente temos banda. Há temas novos, mas é nos clássicos como "Happy House" em versão extended e mais cheia que o original, que o palco Super Bock se transforma em pista de dança. A noite estava fria e começa a chuviscar mas isso não impede de à minha volta saltarem peças de roupa. Há festa no Primavera!

De volta ao palco Nos para ver Caribou - A banda de Dan Snaith é um daqueles case studies, em que não sendo possível rotular o seu estilo que tanto tem de techno como de pop, torna-se teoricamente um som com pouco apelo para as massas, com excepção do single "Can't Do Without You", que toda a gente entoou no final do concerto. A verdade é que Caribou tem tido uma tendência para palcos grandes como este principal do Nos Primavera Sound e parece agradar a gregos e troianos, mas não será este o seu habitat natural, senão vejamos como tocam em cima uns dos outros e ocupam muito pouco espaço do que têm disponível.

Não foi um concerto perfeito como o de há uns anos no Lux, mas foi Caribou em óptima forma e as pessoas reagiram. Foi pena sentir falhas no som, em que os graves estiveram quase sempre muito altos e sobrepostos ao resto dos instrumentos e voz. Com um alinhamento entre "Swim" e o mais recente "Our Love", houve tempo para "Odessa" e para um grande mas já previsível final em encore com uma versão PsycoTripyOnAcid de "Sun" com quase 10 minutos. Fechamos bem o dia.

 

 

Segundo dia

 

 

Este foi um dia de concertos mais emocionais e não podia ter começado de melhor forma: com a senhora Patti Smith começámos tão bem que dificilmente estivemos tão lá em cima neste festival. Esta sexagenária dispensa qualquer apresentação e o disco "Horses", o seu álbum de estreia de 1975 produzido por John Cale, foi aqui irrepreensivelmente interpretado na íntegra e por ordem original dos temas no disco. Foi sem dúvida o momento mais bonito do festival, unindo todas as diferentes gerações presentes no final de tarde solarengo do parque da cidade. Na atitude houve punk e poesia de intervenção, estava tudo lá. A bruxa boa do rock, como alguém lhe chamou ao meu lado, é agora também uma avó, mas a forma como se entrega a cada canção faz-nos esquecer os seus 68 anos de idade e a voz não a envergonha de maneira nenhuma.  Para o final, quando tocava "Horses", houve uma colagem e regresso a "Glória", épico! estaríamos perante a primeira ovação do dia e do festival? Finalmente, acaba com o último tema do disco, Elegie que explica ter escrito em homenagem a Hendrix, servindo para todos nós lembrarmos as pessoas queridas que já partiram. Já em modo encore vem "People Have The Power" e a poderosa "Because The Night" (Belongs to Lovers) e vejo à minha volta casais de todas idades aos beijos de língua. É o meu momento pele de galinha do Primavera 2015, um concerto de uma vida que não se esquece. Ela agradeceu genuinamente feliz.

Os estreantes Viet Cong que me perdoem, mas à mesma hora da senhora Smith vão ter de ficar para a próxima. 

Aposta nos Electric wizard, os senhores do Doom Metal fizeram a sua descarga stoner à qual ninguém que se deslocou ao palco ATP à hora de jantar ficou indiferente. As guitarras apontadas ao céu são falos gigantes que largam a distorção certa para os meus ouvidos, o som arrastado e hipnótico torna-se uma espécie de ritual às forças do mal. O vídeo é uma tripalhice erótico retro de tão bom gosto como não me lembro de ver e só nos ajuda a chegar onde eles nos querem levar. Longe. Eu fui. Convidem-me sempre que volto a ir.

Ao mesmo palco ATP chegam os Spiritualized, confesso que estava com boas expectativas para ver a banda de Jason Pierce, o homem psicadélico antes disso ser cena cool do século XXI, não fosse eu fã assumido de Spaceman 3. Isto é do tipo de pessoas que está na música pelas razões certas, lançar bons discos e dar bons espectáculos. Jason está discretamente ao piano mas faz-se acompanhar por mais 6 músicos, nenhum da formação original, mas isso não interessa nada pois tocam que se fartam. A viagem em modo jam session mantra leva-nos em crescendo até a um final apoteótico. É uma banda a tocar realmente toda junta e terá sido dos melhores concertos que vi este ano no Primavera. O Adolfo (Luxúria Canibal) estava na fila da frente e assim ficou até ao fim e isso é sinónimo de coisa boa. É uma teoria que eu cá tenho.

Agora o concerto mais polémico do festival Antony sem os johNsons mas com a orquestra de 40 músicos locais - Há que explicar. O concerto esteve para ser cancelado porque o álbum não ficou pronto a horas mas a organização convenceu Antony a vir tocar sem a sua banda e com uma orquestra de 50 músicos do Porto. Já foi dito que foi aposta falhada dos promotores para aquele horário nobre para além de que o carácter intimista do espectáculo obrigou a calar todos os outros palcos durante aquela 1h30. Não me parece que tenha sido diferente da má escolha de James Blake para fechar o mesmo palco em 2013, ainda por cima depois de um Nick Cave arrebatador. Não me lembro de ninguém falar nisso na altura...

Antony é a diva mais diva que as divas e por isso não se deixou fotografar, mas é também um OVNI que caiu ali à beira da praia de Matosinhos, ao qual goste-se ou não, não se fica indiferente. De túnica branca a servir de tela para vídeo-maping, esteve sempre na penumbra e deixou os focos das luzes na orquestra que o acompanhou de forma exímia. Todo o concerto foi um exercício de contenção, jogando com os silêncios por vezes tão difíceis de ter em festivais desta dimensão. Mas o público na generalidade respeitou e deixou-se levar: pelo menos à frente, onde eu estava, ninguém tirava os olhos do palco. Atrás dos músicos, na tela, passava um bizarro filme japonês que ajudava a potenciar todo aquele dramatismo. Momento alto da actuação foi a transformação de "Blind", o tema festivo que Antony fez com Hercules and Love Afair, numa versão acústica visceral. A mim caiu-me que nem ginjas.

 

 

Agora pagamos a factura do festival ter parado durante 1h30: ter de escolher entre 3 potenciais bons concertos que começam todos ao mesmo tempo.

Sobre os britânicos Jungle, gosto bastante do disco mas como já os tinha visto e provavelmente vão andar por cá mais depressa do que se espera, optei por apenas lhes dar apenas 10/15min de tempo de antena. Achei-os mais banda do que o ano passado no Alive, mais coesos, sem os casacos a condizer com o nome da banda, os sete músicos em palco sabem fazer a festa. Disco Boggie dos 80's para 2015, com baixos potentes e falsetes mas tudo dentro do bom gosto. Estava aberta a pista de dança no Palco Super Bock. 

Fugi e subi a colina a correr em direcção ao palco ATP para ver os estreantes em Portugal Run The Jewels: hip hop americano de barba rija, formação clássica com dois MCs e um DJ, mas que nos trouxeram uma cena completamente fresca. O álbum é incrível, tem instrumentais de nota máxima e por isso tem tocado na minha playlist em repeat desde então.  Foi talvez a actuação mais emergente de todo o festival e no público parecia estar quem realmente interessa e se interessa. Não sendo eu um fanático das rimas e batidas, digo: “que bom!”  

Só cheguei ao Ariel Pink no Palco Pitchfork a tempo para a última música, imprevisível como sempre, mas não consegui perceber o que é que se tinha passado ali. Fica para uma próxima. Já com apenas este palco a funcionar tivemos um final de noite morno

Movement: foi interessante de conhecer e percebe-se que tem como referencia as sonoridade da electrónica downtempo que estão na moda como Chet Faker ou James Blake, mas esteve longe de ser um excelente concerto, foi um bom momento de entretenimento. 

Marc Piñol: o DJ Catalão que tinha a responsabilidade de fechar este segundo dia de festival esteve uns furos abaixo nesta missão. Apresentou um set bem deep com base em house e electrónica fresca, mas que foi morno na intensidade e que por isso dificilmente funcionaria num festival destas características. É bom tecnicamente, o que nos dias de hoje vale o que vale. Ocorrem-me assim de repente 10 artistas portugueses que iriam brilhar mais que este nuestro hermano, mas a aposta em valores nacionais não é o forte do Primavera.

 

 

Terceiro dia


Depois do dia de ontem a fasquia estava demasiado alta e a verdade é que nunca chegou a ser alcançada neste último dia de festival, mas isso não invalida ter havido excelentes momentos que vamos aqui passar a pente fino.

 

 

Foxygen: podiam bem levar a taça da melhor entrada em palco possível num festival! São quase 20h, o sol brilha no palco Super Bock e está tudo sereno na expectativa do que a vem, toca música de circo em fundo e eis que de repente entram nove pessoas a transpirar loucura em palco (gostava muito de os ter visto a fazer o aquecimento para esta entrada). Três delas são go-go dancers — meninas do couro incrivelmente sexys com vestidos incrivelmente curtos que dão tudo o que têm logo no primeiro tema. O vocalista, Sam France, é difícil de descrever, parece um animal selvagem saído de uma jaula onde esteve fechado meses à espera deste momento para nos atacar a todos! A sua performance é um misto de Nick Cave meets Iggy Pop meets Nick Offer com tiques de Mick Jagger. Rebola pelo chão, faz crowd surfing, acende velas, diz que veio cá para adorar satanás e fumar crack em quanto despacha meia garrafinha de whiskey. A sonoridade desta banda da Califórnia é um espécie de rock psicadélico barroco com cheirinho a gospel, é música de celebração com certeza. A actuação deste grupo de pessoas é sempre em red line e tem momentos de autentico circo, mas dos bons! Não os conhecia mas seria a banda a contratar para o meu casamento.

Babes in Toyland: fui lá matar a curiosidade daquilo que foi mais um momento revivalismo do festival, desta vez focado nos 90s. Esta banda de "miúdas" com punk rock nas veias ainda está em forma, isso obviamente foi bom de ver.

Einstürzende Neubauten: Era um dos concertos mais esperado da noite e a banda germânica pioneira no som industrial, experimental, noise esteve irrepreensível. O líder Blixa Bargeld é um homem com um aspecto assustador, vai alternado o inglês com o alemão e solta aqueles grunhidos dos inferno como em "Dead Friends Around the Corner", excelentemente interpretado. Mas isso contrastava com uma boa disposição, quando fazia piadas entre a apresentação dos temas, alguns dos quais material novo a estrear. Ao olhar com atenção para o palco percebe-se que estamos perante uma espécie de serralharia, existem instrumentos improvisados com latas, bidões, tubos de metal, rebarbadoras e muitas outras coisas indecifráveis que Rudolf Moser, o percussionista, vai usando a seu belo prazer. A actuação vai alternando entre contenção e momentos de explosão intensa. A certa altura durante uma música que não consegui identificar caem o que parece ser vidros e pedaços de fina chapa que acompanham o crescendo brutal até ao final do tema: o público rendido devolve com ovação! No final os membros da banda anunciam que está disponível para venda na cabina de som a gravação áudio do espectáculo a que acabamos de assistir. Como não há dois concertos iguais, muito menos deste senhores, e toda a gente gosta de um souvenir, os dispositivos USB saiam que nem pãezinhos a 20€.

Que me perdoem o muito aguardado regresso dos Ride, reis do shoegazing rock, mas um buraco no estômago e algum cansaço (fraquezas do ser humano) fizeram com que perdesse grande parte deste concerto no palco Nos. Pelo que consegui ver estavam a ser muito competentes e havia uma grande massa humana interessada em velos de perto. Eu fiquei cá por trás, vai ter de ficar para uma próxima.

Mudo-me para o Pitchfork onde me esperam os Shellac - Finalmente vejo a banda que tocou em todas as edições deste Primavera do porto como no de Barcelona. Steve Albini, Todd Trainer e Bob Weston tocam o seu rock post hardcore com muita vontade, das colunas sai uma muralha sonora avassaladora mas tão afinada como um Ford Mustang preparado para corridas. Tudo soa bem, uma tarola e bombo como não me lembro de ouvir, baixo cheio de distorção e a guitarra a rasgar como se quer. Isto é rock a sério! Albini muito político nas suas intervenções e acaba de braços aberto a gritar "Look at me, I’m an aeroplane!" no final de Wingwalker, e que isto serve de metáfora para tudo aquilo que não atingimos na vida. Agora percebo porque é que o meu amigo e velho conselheiro do rock, Nuno Calado, dizia que era obrigatório ver os Shellac pelo menos uma vez na vida, pois eles dão sempre bom concertos. Será o primeiro de muitos.

Fujo a correr de volta para a outra ponta do festival onde Dan Deacon  já tocava. A primeira surpresa é que ao contrário de 2013 no palco Pitchfork que eram quatro pessoas com duas baterias, desta vez é apenas ele e um baterista incrível num palco grande como o Super Bock, mas que fica cheio. Deacon é um entertainer completo, mas também uma personagem que não existe. Um Nerd nos seus 30s sem cabelo, barbudo e com uns quilos a mais; usa uns óculos redondos de massa, meias e calções vermelhas e camisa verde às riscas brancas — será que ele sabe do da polémica do Jorge Jesus?! Tem um humor de muito bom gosto e vai ensaiando coreografias com o publico que o segue mesmo sabendo que aquilo não vai levar a lado nenhum. Há maquinas, sintetizadores que levam a sua electrónica a um registo com bem mais distorção do que em disco, a voz sai quase sempre processada com efeitos e tudo isto acompanhado por uma explosiva secção rítmica do outro homem em palco na bateria. Para o final ficam os temas mais rápidos e instala-se a (boa) confusão junto ao palco, com direito a mosh pit  e crowdsurfers a voarem. Não resisti claro e lá fui eu trabalhar para as nódoas negras nas canelas, algo que estranhamente ainda não tinha acontecido neste festival. Mesmo a tempo.

 

 

O concerto mais aguardado da noite, Underworld, a banda britânica pioneira do techno dispensa apresentação. Vieram ao Porto com a tour especial do seu primeiro álbum de originais Dubnobasswithmyheadman, de 1994. Tinha tudo de facto para ser um grande final, pois era o último concerto do palco principal do Primavera, mas não foi. Dubnobasswithmyheadman é um disco que conheço de cor e adoro, mistura momentos synthpop com o techno, mas quase sempre num registo mais deep. O disco foi tocado na integra e por ordem mas a questão é a sua relevância e reconhecimento 21 anos depois e para o público deste festival. Já os vi umas quatro ou cinco vezes, em salas e festivais, e diria que este foi de longe o seu pior concerto, talvez pelo alinhamento ou porque Rick Smith e frontman Karl Hyde pareciam distantes. Houve momentos de magia e consequente reação do público em Cowgirl, a única excepção mais festiva do disco, depois fizeram batota e tocaram Rez (a irmã que é uma versão épica e instrumental de Cowgirl que só vem no Maxi 12') e acabaram com o bem reconhecido single Born Slippy, de 1995, que fez furor devido ao filme de Danny Boyle - Trainspoting.  Neste momento o público acordou mas nunca foi aquilo que se esperava. Uma das justificações mais óbvias é que neste concerto o volume do PA esteve sempre a meio gás, e digo isto tendo estado eu mesmo à frente e onde mesmo assim as pessoas à minha volta se queixavam que estava baixo. Não se percebe, ainda ouvi falar em queixas de vizinhos, mas o que é certo é que fica a sensação que faltou qualquer coisa a este concerto, diria até faltou muito para quem os conhecia, já para os outros...

De regresso à tenda Pitchfork para o grande final com Roman Flugel, o alemão que fez parte do projecto Alter Ego no inicio da década passada, ligado ás sonoridade electro e house, fez um set muito consistente e sempre a puxar para cima, como se quer num encerramento de festival. Este sabia o que foi lá fazer e fez-me dançar até perto das sete da manhã. 

Saí tranquilamente já a convite dos seguranças para encarar o dia e a tarefa difícil de encontrar um táxi àquela hora no parque da cidade. Querem um conselho? Façam amizade com um taxista, fiquem com o número dele e vão ver que será o vosso melhor amigo nestes três dias de festival.

Esperamos para o ano um Primavera no Porto com mais e melhor, mas de ressalvar que, de todos os festivais de grande dimensão, este continua a ser o que mais me enche as medias.

Até 2016.

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