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Como Criar uma Comunidade Filosófica na Tua Rua?

Tomás Carneiro
Membro fundador do Clube Filosófico do Porto, Tomás Carneiro tem vindo a desenvolver de forma consistente uma série de iniciativas audazes cuja missão é aproximar a filosofia da cidade, e possibilitar aos cidadãos uma relação com o filosofar diferente daquela que se aprende nas escolas. Aqui a filosofia é vista não como a mera aprendizagem de um determinado conjunto de conhecimentos, mas antes como uma prática de construção, em diálogo com os outros, de um pensamento único e pessoal.

Voz inconfundível deste Sistema Imunitário Colectivo, este filósofo profissional vem hoje explicar aos Irmãos Génios como se cria uma Comunidade Filosófica.


 

O que é uma Comunidade Filosófica

Uma Comunidade Filosófica é constituida por um número indeterminado de pessoas que se reúnem regularmente com o único fim de melhorar a forma como pensam e dialogam umas com as outras.

Fazer parte de uma Comunidade Filosófica implica uma preferência pelo Diálogo Racional a outras formas mais comuns de pensamento e conversação como o discurso auto-justificativo e adulatório em que a preocupação está mais em insuflar e blindar o ego que em compreender e descobrir a verdade acerca de algum assunto. Numa Comunidade Filosófica não há também lugar à omnipresente conversa da treta onde o papaguear de frases feitas e códigos sociais ou tribais partihados se substitui à reflexão genuína que cada um deve fazer por si mesmo.

Quem procura uma Comunidade Filosófica fá-lo com uma atitude contrária à daqueles que procuram num grupo de conversação uma caixa de ressonância das suas próprias ideias, preocupações ou objectivos políticos, éticos ou sociais. Lembre-se, isto não é um encontro de AA´s!

Por outro lado isto também não é uma Escola! Quem entra para uma Comunidade Filosófica fá-lo para aprender a escutar os outros e não apenas para aprender o que os outros têm para nos ensinar (algo que não está totalmente excluído de uma Comunidade Filosófica mas que não é de todo a sua característica fundamental). Procura-se saber o que pensam e como pensam com o simples intuito de conhecer e compreender e não com o objectivo de aprender novos valores e conhecimentos ou, muito menos, de transmitir os seus valores e conhecimentos aos outros. 

Nesse sentido uma Comunidade Filosófica também está longe de ser um movimento político uma vez que não tem uma agenda ideológica própria. É nesta inexistência de uma “agenda própria”, de um interesse comum, que uma Comunidade Filosófica se distingue de muitas outras organizações ou agrupamentos de pessoas. O interesse comum a todos os participantes de uma Comunidade Filosófica é, precisamente, não terem um interesse comum para além dessa vontade de pensar melhor e dialogar melhor. Este processo de diálogo e pensamento vale por si mesmo e não apenas como um meio para uma qualquer finalidade mais ou menos imediata. Assim, num certo sentido uma Comunidade Filosófica é totalmente inconsequente.

Num certo sentido uma Comunidade Filosófica é totalmente inconsequente.

Essa sua inconsequência fundamental permite aos participantes de uma sessão de Diálogo Filosófico (a única forma pela qual a Comunidade Filosófica se manifesta) não terem de se preocupar em alinhar as suas ideias e intervenções com objectivos ou critérios que lhes permitam continuar a fazer parte dessa comunidade. Numa Comunidade Filosófica os únicos critérios ou objectivos são aqueles que permitem manter e aperfeiçoar o Diálogo Racional entre os seus participantes. 

Comum a todos os grupos com uma agenda própria, seja um partido político ou uma sociedade de proteção dos animais, está uma proibição tácita de se defender uma posição contrária aos interesses desse grupo. De facto, o que faz um “nazi” numa reunião do Partido Comunista? Ou um “vegetariano” num congresso de produtores de carne de vaca?

Essa proibição tácita está no próprio código genético de todas as organizações que se estruturem em volta de uma agenda comum com objectivos e critérios de admissão bem específicos. Ora, como facilmente se compreende, o pensamento não vive bem com esse tipo de proibições fundamentais e isto porque os limites do pensamento possível vão muito além dos limites da acção comprometida que qualquer agenda impõe. 

Assim, se o que queremos não é “mudar o mundo” mas mudar-nos a nós mesmos melhorando a forma como pensamos teremos de ir além dos limites impostos por um grupo, movimento ou partido político. Teremos de criar um contexto absolutamente livre, verdadeiramente propício ao confronto de ideias e ao surgimento de argumentos radicalmente opostos aos nossos e devemos procurar fazê-lo num ambiente seguro que possibilite a tomada de riscos e a especulação intelectual sem o peso da exclusão do grupo pelo pecado de se passarem os limites do aceitável. Os limites do meu grupo são os limites do meu pensamento!

Os limites do meu grupo são os limites do meu pensamento!

É esse ambiente seguro que se procura cultivar numa Comunidade Filosófica onde a única forma de alguém ser excluído do grupo é se a sua actuação for contrária a este espírito de “agenda sem agenda”. Se alguém procurar impôr as suas vontades e tentar passar os seus ideais por outra forma que não a via do Diálogo Racional (pelo recurso ao insulto, à zombaria ou a outras formas de persuasão ilegítima) o grupo fará sentir a essa pessoa que não é mais bem-vinda enquanto não reconsiderar e mudar essa sua atitude. Aqui, como em tantos outros espaços, impera a lei da boa educação e do bom senso.


Tomás Carneiro @ TEDx

 

 

9 Passos para Criares uma Comunidade Filosófica:

 

1 – Aceitar cumprir, pelo menos durante uma fase inicial, o papel de árbitro/moderador dos Diálogos Filosóficos e não de participante activo. 

2 – Parasitar outras associações, grupos ou colectividades usando os seus contactos, infra-estruturas e, se possível, verbas mantendo a independência e identidade da Comunidade Filosófica

3 – Impôr ao grupo uma “agenda sem agenda”. Enquanto não perceberem bem o âmbito da Comunidade Filosófica algumas pessoas tentarão a todo custo forçar as suas próprias agendas durante os diálogos. Tais tentativas, quando feitas de forma rude e não respeitando as regras básicas do Diálogo Racional, devem ser identificadas e rejeitadas pelo grupo. 

4 – O grupo deve, logo desde os primeiros encontros, procurar chegar a um consenso acerca de quais são essas “regras básicas do Diálogo Racional”. 

5 – Enquanto árbitro/moderador esforçar-se por fazer cumprir essa regras. 

6 – Dar gradualmente autonomia ao próprio grupo distribuindo o papel de moderador pelos participantes mais experientes e empenhados. 

7 – Aprender, criar e praticar com o grupo uma variedade de exercícios, técnicas e formas de dialogar. 

8 – Respeitar o silêncio e cultivar a reflexão evitando o debate e a reacção emocional. 

9 – Esforçar-se por manter uma certa regularidade das sessões.

 


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