Foto por Carlos Ramos
Ela é Patrícia Gonçalves, Yellow para os fãs e, antes de mais, para os amigos que de há muito lhe conhecem o alter-ego. Usa-o no dia-a-dia, porque a música lhe tem preenchido o calendário desde cedo, desde que se iniciou como vocalista de algumas bandas e lhe cresceu o bichinho do som, ali aos 20 anos. Foi aliás por ter crescido com bom peso, que esse dito bicho deu origem a uma mulher que tem hoje uma palavra a dizer sobre a música, em especial sobre a música electrónica onde tem as raízes bem assentes.
“Nunca misturei dois discos!” — assegura-nos. E sabemos que é verdade. Yellow de electrónica tem muito, mas não é um projecto de DJing feminino, nem uma voz bonita em pano de fundo House. É antes uma construção de vida que a Patrícia fez questão de assegurar pelas próprias mãos e meios, tornando-se produtora — ou self-made woman — nas lides dos beats e tracks que a fazem correr múltiplas pistas entre o Techno, Electro, instrumentais... e o que bem mais lhe apetecer. Aphex Twin abriu-lhe a cabeça e os ouvidos. O resto procurou, trocando a meninice por cabos, teclados e monitores.
Foto por Carlos Ramos
Em 2002 começou uma dupla com o DJ Nelson Flip e, depois ainda, Rui Aguiar. Deu voz e ritmo a live-acts que a ligam também à Sonic (actualmente Soniculture) e a noites de dança até de madrugada, num tempo de amanheceres míticos em casas de nome grande, antes de se continuar para a casa de outro alguém. Mas dar voz não é o mesmo que ter voz. E aqui começou outra etapa, hoje à escuta e à vista de todos.
WINGS (disponível aqui para download gratuito) é o nome do seu primeiro álbum e também de uma experiência pessoal: abriu asas para um voo a solo, com músicas inteiramente suas, tal como as experiência que nelas descreve em voz alta, em letras tingidas de amarelo — “Precisava de ter voz e a voz é também a minha consolidação, tinha coisas para dizer.” — Para quem lhe conhecia a faceta de produção e a voz apertada entre faixas, a surpresa foi grande e foi boa. Se a vida pode ser “bela e amarela”, ninguém melhor para o confirmar do que a Patrícia, que reflecte em músicas como Through Me um bom estado de alma, seu por direito, e cantado a plenos pulmões. Como uma conquista.
Yellow - Through Me (Vídeo por Anze Persin)
A sonoridade é electrónica, ainda que as comparações surjam de diferentes partes, por necessidade de referentes. Queremos sempre encaixar as coisas nos seus compartimentos. Pois ter asas serviu-lhe para isso mesmo, libertar-se deles todos. Há nítidos vestígios de Electro, Techno, e podemos até associar linhas industriais ou outras que alguns dizem soar a uma cândida Bjork (porque a própria se dá voz, não se encaixa em padrões e percorre campos completamente inesperados).
Mas esses referentes serão sempre diferentes para cada um, testados faixa a faixa num álbum repleto de força, mas também numa experiência visual/sensorial explorada por poucos. Somando a componente live act a uma composição cénica que traz a tecnologia “responsive” do video-mapping, Wings é apresentado num formato único e impactante, tendo tido estreia em plena pista do Lux Frágil. E dançou-se, muito.
A oportunidade para confirmar o seu talento e entrar num imaginário distante está-se a aproximar. É já esta Sexta-feira, dia 8 Novembro no Ministerium Club, onde a Viral não só marcará presença, como tem também para vos oferecer 5 entradas para esta noite com apontamento de cor garrida.
Para ganhares a tua entrada, faz like na página de Facebook da Viral e participa no passatempo “Get Your Wings”, cujas instruções se encontram no mural da nossa página. Bons voos!!! — PASSATEMPO TERMIADO