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Frágil Como Nós

Ana Castanho
Depois da anunciação, eis que chega o novo álbum dos Nine Inch Nails...



Came Back Haunted fez-se esperar 5 anos, mas se para alguns o anseio já borbulhava como se estivesse para chegar o manifesto agitador da nova década, diga-se, não foi o que aconteceu. Chegou o esperado: uma purga de Trent Reznor, com a fragilidade que se lhe conhece nas palavras alternadas por guitarras, teclas e batidas com a força de 300. E para já chegou bem, sem saudosismos conservadores de um outro pedal ou de uma outra marcha que se ficou nos anos 90. Está tudo ali, vincado e amadurecido.




Os NIN avançaram para os anos 2000 com a pesada bagagem de vida do mentor (e alma) do projecto. Aliás, falar da banda é falar dele: falar do percurso de uma é palmilhar o percurso do outro e conhecer os brados de uma é esperar o exaspero do outro também. Trent Reznor é controverso, desassossegado, já não tão descrente quanto isso, mas sábio mobilizador de massas contra um “sistema perverso” – que o terá pervertido pelo caminho, como também acontece aos bons.

Fã de Prince aprendeu, como ele, a tocar quase todos os instrumentos excepto bateria. Obsessivo e perfeccionista, resultou num menino multifacetado criado por uma avó expectante de que se tornasse num pianista clássico. Mas nascida a nova era da electrónica instrumental, os novos clássicos eram outros. Outros com futuro que viria a liderar. Inspirado por acasos como David Bowie, Joy Division, Kiss ou pela electrónica londrina, iniciou as suas próprias incursões na música, passando para as teclas de um órgão com os Exotic Birds e os Slam Bamboo.




O menino fez-se, com as mesmas necessidades de afirmação que uma grande cabeça tem. Quis reformar. Olhou em volta e não gostou do que viu. Nasceu assim Pretty Hate Machine, o primeiro álbum dos NIN, que lhe soltou amarras da timidez e foi beber à electrónica, ao punk e ao arrojo industrial toda a força para se fazer ouvir, tomando o pulso à coisa pela voz. Estava-se a fazer homem com Broken e cada vez mais irrascível quanto a um sistema que, no fundo, de tanto se debater com ele o engoliu.

Arranjos rasgados e guitarras ou sintetizadores partidos à parte, estava a nascer um buraco do tamanho do homem (Mr. Self Destruct). Os siameses The Downward Spiral e Further Down The Spiral foram-lhe, por isso, ao tutano: as participações de Aphex Twin, Dave Navarro e a dura interpretação de Hurt, de Johnny Cash, colaram-se à pele de quem ouviu com desconforto. Até deixar de o haver – como aconteceu com Bowie, que de ídolo passou a fã de Reznor, criada a aproximação em I’m Afraid of Americans.





Em 1999 The Fragile era reportado num TOP+ da hora do almoço. We’re In This Togheter Now ecoava a ansiedade, depressão, revolta, raiva e luto de Reznor. Um estandarte sólido para uma adolescente, mas bastante desconcertante para alguém que via exponenciado o consumo de álcool e cocaína ao ritmo das composições. Quis a sorte que, durante esta digressão, confundisse um saco de heroína chinesa com cocaína, de brancura habitual. E dela se entupisse até ser ressuscitado no hospital.

Se para uns o fim do mundo teria data marcada para a viragem do milénio, para Reznor um mundo novo começou e, como tal, para a banda também. Com o dobro do corpo, limpo e sóbrio, agarrou a música com unhas e dentes, sem tantas fracturas como as que lhe conhecíamos. With Teeth chegou assim depois de uma longa espera. Porque aqui, na verdade, tudo mudou.




A violência superou-se com solidez, com a integração de novos elementos e participações, novas misturas e a pujança essencial. Entrou no mundo do marketing digital, espalhou pens USB por toda a Europa para criar fenómenos de projecção viral, procurando explorar o mercado da música livre. Libertando-se. Reposicionado, assumiu o seu Year Zero, abrindo ainda portas a projectos secundários que o levaram a trabalhar com Dr. Dre, Saul Williams e em vários projectos cinematográficos para os quais compôs boa música, versão sala de cinema. The Social Network, de David Fincher, valeu-lhe um Globo de Ouro e um Oscar, enquanto The Girl With the Dragon Tattoo lhe trouxe outros prémios, ainda que não tão sublinhados. Capacitado para outras envolventes, How to Destroy Angels foi o seu mais recente e único projecto-banda, depois de NIN, com uma sonoridade de beleza invulgar.

Casou, teve filhos, teve cães. Tem fantasmas. Não parou, avança diferente. Hesitation Marks é como intitula o álbum que irá sair em Setembro, em nome da banda que lhe que faz de espelho. Tão forte e tão frágil como nós. É isso que podemos continuar a esperar.
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