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Amor Muere ⟡ Zarya
Amor Muere

Amor Muere ⟡ Zarya

Ao longo dos últimos anos criámos relações com uma certa ideia de rock promovida por bandas como os black midi, Black Country, New Road e os caroline – entre muitos outros – de que o art-rock desta década seria assim: movido por noções proto do pós-rock, atento às dinâmicas repetitivas da electrónica dos 1990s, sem estar desligado do vigor comercial, afinal as coisas que as bandas criam têm de ser canções. Depois acontecem coisas como as Amor Muere, que nos recordam que o mundo não é anglo-saxónico e, mais importante, não são eles que ditam as regras, somos nós encostados à preguiça que acreditamos nisso, para facilidade de arrumarmos as ideias que temos do passado, presente e futuro. As Amor Muere procuram o mesmo que as bandas atrás mencionadas, mas não têm a prisão de fazer uma canção.

O quarteto mexicano formado por Mabe Fratti, Camille Mandoki, Gibrana Cervantes e Concepción Huerta cria melodias assombrosas em algumas das peças do seu primeiro registo. “A Time To Love, A Time To Die” contém maravilhas como “LA” ou “Love Dies” que deixam qualquer um empoleirado com sentimentos de superelevação pop. Depois estreita caminhos para a música experimental/industrial, com “Shhhhh” ou “Violeta y Malva”, acordando-nos para uma certa realidade. No fundo, é como se o primeiro registo das Amor Muere fosse um contraste permanente entre o sonho (as belíssimas melodias) e a realidade (a rudeza em como experimentam com som e expõe o seu resultado). O contraste expõe a importância deste tipo de música, de risco, muitas vezes não vir do centro de decisão (Inglaterra, Estados Unidos): a vontade de manipular, controlar, exsudar as nossas sensações não por via do academismo frio mas pela magia do experimentalismo. “A Time To Love, A Time To Die” e as Amor Muere são daquelas coisas que no papel não fazem muito sentido. Ao ouvi-las o território mágico torna-se tangível e percebe-se o efeito no concreto. Como o fazem é também democrático, os sons entrecruzam-se naturalmente, sem manifestações de ego ou algo que queira assumir um papel principal. O resultado por vezes é caótico, assimétrico, mas regulado, com sentido e convencido do resultado. Para fazer algo assim não podem existir inseguranças. As Amor Muere transpiram noção de estar no local e tempo certos. E, por isso, acredita-se nelas, neste experimentalismo mágico, entre o rock, a contemporânea e a musique concrète. AS

Zarya é uma artista multidisciplinar cujo trabalho é influenciado por estudos de arquivo, sons recolhidos e natureza. Explora o som através do uso repetitivo de vozes e diferentes métodos de tocar guitarra e piano; evocando ideias de memória, ritual e lugar.

Fonte: https://zedosbois.org/programa/amor-muere-zarya/
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