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Black Milk

Black Milk

O passado pode ficar em segundo plano quando o presente ainda mexe. É esse o caso particular do experiente Black Milk, rapper e produtor de mão-cheia (nos dois papéis) que há uns meses lançou o seu mais recente álbum, Everybody Good?, um trabalho (com uma pandemia a pesar) em que procura saber dos outros enquanto se auto-examina. Com participações de mestres como Raphael Saadiq ou Phonte (ambos aparecem em “No Wish”, rap de, e para, gente crescida com entrada directa na lista de momentos musicais mais brilhantes de 2023), as doze canções veiculam a compreensão superlativa que o artista de Detroit tem daquilo que funk, soul e jazz podem ser quando passam pela lente hip-hop. Para além do foco no seu percurso em nome próprio, na viragem desta década arranjou ainda tempo para produzir na íntegra um disco dos lendários Cypress Hill (Back In Black, 2022) ou, por exemplo, criar um super inspirado(r) instrumental para Mick Jenkins (“Carefree”, 2020).

Olhemos, então, um pouco para trás. Numa carreira que já compreende 20 anos de criação artística, Milk começou por iniciar-se profissionalmente com o beat de “What Is This”, faixa dos Slum Village para Trinity (Past, Present and Future), o primeiro longa-duração do grupo sem J Dilla na formação – dois anos depois, o autor de Donuts rimava numa produção sua em “Reunion”. Mestre e discípulo lado a lado. Daí para a frente, o seu nome foi ficando cada vez mais destacado sem asteriscos nem notas de rodapé, principalmente pela qualidade da discografia a solo que foi construindo com discos como Tronic, No Poison No Paradise ou If There’s a Hell Below, mas também por projectos colaborativos com Sean Price & Guilty Simpson (Random Axe), Danny Brown (Black And Brown) ou a banda Nat Turner (The Rebellion Sessions) – neste último afinaria a fórmula (unir sampling a instrumentação requisitada a músicos da sua confiança) que o distinguiria de muitos (Oddisee é o único que parece estar mais ou menos na mesma frequência e nível).

Se a competência na rima está certificada, é mesmo no campo das produções que se encontra a maior quantidade de pérolas: para além dos vários nomes anteriormente mencionados, Pharaohe Monch, GZA, Little Brother, Wiki, Quelle Chris, Open Mike Eagle, Blu, Bun B, Black Thought, Kemba ou Jack White (sim, esse mesmo) também foram abençoados. Mas chega de namedropping e fiquem com uma sugestão final: vão ao vosso serviço de streaming de eleição e procurem por “Really Doe”. Posse cut de elite (com versos de Danny Brown, Kendrick Lamar, Earl Sweatshirt e Ab-Soul) e beat assinado por… Black Milk. (Alexandre Ribeiro)

Fonte: https://zedosbois.org/programa/black-milk/
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