PARA TUA TERRA: Editora Urutau apresenta antologia de poetas estrangeiros residentes em Portugal A Editora Urutau, de naturalidade brasileira com sede em Portugal e Galiza, apresenta no próximo dia 8 de maio, no Hotel Selina do Porto, sua nova antologia intitulada ‘PARA TUA TERRA’: uma antologia antiracista/antifascista de poetas estrangeirxs em Portugal. A data não poderia ser mais emblemática, propositalmente escolhida pela representatividade de ter posto um fim oficial às investidas coloniais do País em terras africanas, e o evento contará com a infra-estrutura do Selina, cujo amplo jardim possibilta a realização da atividade com todas as medidas de segurança sanitária previstas pelo governo para esta fase de desconfinamento da pandemia Covid 19, que prevê 25% da capacidade máxima do espaço, incluso distanciamento e obrigatoriedade do uso de máscara. O livro é resultado de uma chamada pública, de onde foram escolhidos 49 poemas de 49 poetas naturais de nove países distintos, entre eles Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Colômbia, Itália e Guadalupe; cujos vínculos são a residência fixa na terra de Camões e a abordagem de temáticas relacionadas a racismo e xenofobia. A necessidade surgiu a partir da constatação do crescimento da extrema direita em todo mundo, com fortes reflexos também em Portugal, expressados a partir da narrativa colonial, ainda muito viva no imaginário português apesar dos Cravos. De acordo com o último European Social Survey (ESS) de 2018/2019, um dos mais respeitados inquéritos europeus, 62% dos portugueses manifestam racismo. Este índice é facilmente sentido nas ruas, e um incômodo constante aos que vivem e trabalham em terras portuguesas, que precisam lidar com estereótipos, exclusão e precarização. A partir destas questões, realizadores defendem a importância de utilizar a literatura como uma voz das coisas que precisam ser ditas, e como ferramenta para construir novas narrativas. “Esta expressão dolorosa ‘volta para tua terra’ soa aos ouvidos como um eco amargo. Enquanto isto, nos perguntamos, a que terra devemos voltar? Em que terra deveríamos estar que não aquela que estamos agora? A quem pertencem estas terras todas? Os que nos mandam voltar a nossa terra seriam os mesmos que um dia ocuparam-nas violentamente?”, explica o editor Wladimir Vaz sobre a escolha do título da antologia. As candidaturas foram recolhidas até o dia 15 de dezembro e o resultado da seleção divulgado em janeiro de 2021. Os poemas são todos inéditos, alguns deles serão publicados na língua nativa com a devida tradução para o Português, entre elas o espanhol, italiano e até tupi antigo. A realização e curadoria esteve a cargo do editor Wladimir Vaz e da poeta e investigadora brasileira Manuella Bezerra de Melo. Ao final, o Selina oferecerá uma mostra de cinema com filmes na temática sobre o 25 de abril.
