18:30 até às 21:00
Bruno Zhu: Continente

Bruno Zhu: Continente

Leave the gallery and you will arrive at a rhetorical junction, or is Rua Nelson de Barros intersecting Rua Madre Deus? Head down the street, walk past the museum, turn right, cross the high-speed lanes and take the 728 bus towards Avenida dos Descobrimentos. You’ll be driven along the river Tejo, going upstream, gazing at a body of water I once thought to be the Atlantic Ocean. Alas, no New York, no Los Angeles, no Rio de Janeiro, only more of the same continent. You will enter it slightly sideways, grabbing my legs and spreading them apart. My lower back presses past the carpet fluff, reaching the wooden floor, so my head turns to the sofa, to the pillows. Time slows down once it is upholstered accordingly. The initial pinch becomes sharp, then numb. Neither west nor east remains, only southwest going northeast and back again. I’m reading the potential between the main axes, the movements broken and restarted, much like the bus driver arriving at each stop, sometimes opening the doors to empty curbs. Whoever is there will board the journey upriver, into the continent. And our bodies pivot to northwest going southeast and back again, and so should the bus, leaving the riverside avenue, going inwards. As you come closer to the destination, you’ll meet the Oriente disguised as a steely behemoth train station. Many come and go inside it, they sleep inside it, they eat inside it, but no need to go there. Head to the building across the Oriente, a shopping center named after the first European man to reach India by sea. Walk in, head to the basement level and it will most likely be there. You’ll encounter a wish and a promise, a domain of many fragments naked, unspoiled, an invitation to gather, to reform, to draw a territory, the totality of your being.

Kunsthalle Lissabon presents a continent, a solo exhibition by Bruno Zhu.

Bruno Zhu (Porto, 1991) Recent solo presentations include 'Bugs' at La Plage in Paris, ‘Crew’ at Galerie Fons Welters and 'New Arrivals' at Foam Museum, both in Amsterdam and ‘Vista Alegre’ at Serralves Museum in Oporto. He is associated to A MAIOR, a curatorial programme set in a home furnishing and clothing store in Abraveses, Viseu.

Kunsthalle Lissabon is generously supported Maria and Armando Cabral Collection and by Teixeira de Freitas, Rodrigues e Associados. Additional support to Bruno Zhu's show by Polo Cultural Gaivotas-Boavista /CML.
-----
Saímos do bairro de carro, viramos à esquerda e entramos na Rua 5 de Outubro, em direção à tua loja. Passamos pela estação de serviço que não conseguiste comprar, pela casa de saúde que agora parece um hotel e pelo colégio onde ele, o primeiro, andou. Falas pouco. Lembras-me que eu devia tirar a carta. Chegamos à primeira rotunda, metes-te na primeira saída pela Estrada da Circunvalação, e do lado esquerdo vemos a Sé, a parte antiga da cidade e o teu perfil desinteressado, concentrado no caminho, sonolento. É a face do hábito. Chegamos à segunda rotunda, metemo-nos pela segunda saída ao encontro de mais uma rotunda e duas constatações surgiriam se fosse uma terça-feira. Dirias que logo à direita se encontra a feira semanal na qual já vendeste um dia, de banca montada, um sítio diferente todos os dias, mas nunca viramos por aí. É só uma memória. Metes-te na segunda saída, passamos pelo soldado desconhecido, pelo teatro, pelo vosso restaurante preferido, pelo dentista da família, pelo parque de estacionamento que vira feira franca em Agosto e por mais uma rotunda, aliás, uma miniatura de rotunda, onde a manobra do volante deve ser escassa, suavizada. E o corpo sente, inclina ligeiramente, desequilibra-se. E à direita, o Viriato no topo do rochedo também sente, desequilibra-se, inclina ligeiramente. Estamos no início da Avenida da Bélgica. Passamos pela marmorearia, por outra estação de serviço e pela antiga Moviflor que agora é a Ibersino. O carro abranda, olhamos para a entrada, contas os carros estacionados em silêncio e dizes que o negócio está fraco. O olhar sonolento é de arrogância, sempre foi. A afirmação é medida, já não te interessa a provocação. Deve ser da idade, mas a tua especulação ainda não acabou. Aproxima-se mais uma rotunda e entre as moradias decrépitas avistamos o continente. E o tempo desacelera, a urgência da crise dissipa e a ambição rejuvenesce. Admiras o parque de estacionamento, contas os carros em voz alta. A sonolência-arrogância dá lugar à sonolência-cedência. Aprecias a possibilidade, a independência, a soberania do continente. Dizes que o negócio aí é que é bom. E de repente a cidade não está em falta, eu não sou uma falha, as rotundas têm um objectivo e a tua história realinha-se nos eixos tragicómicos de uma filosofia qualidade-preço, organiza-se no transe do capital e entrega-se à promessa da posse, do domínio dos elementos que constituem um território, a totalidade do teu ser.

A Kunsthalle Lissabon apresenta um continente, uma exposição individual de Bruno Zhu.

Bruno Zhu (Porto, 1991) vive e trabalha entre Viseu e Amesterdão. As suas exposições recentes incluem ‘Bugs’ na La Plage em Paris, ‘Crew’ na Galerie Fons Welters, ‘New Arrivals’ no Foam Museum, ambos em Amesterdão, e ‘Vista Alegre’ no Museu de Serralves, Porto. É associado à A MAIOR, um programa curatorial em curso dentro de um espaço comercial em Abraveses, Viseu.

A Kunsthalle Lissabon é generosamente apoiada pela Coleção Maria e Armando Cabral e pela Teixeira de Freitas, Rodrigues e Associados. A exposição de Bruno Zhu conta com o apoio do Pólo Cultural Gaivotas-Boavista/CML.
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
Download App iOS
Viral Agenda App
Download App Android