22:00 até às 22:00
A Noite dos Visitantes | Peter Weiss

A Noite dos Visitantes | Peter Weiss

Grátis

Uma coprodução do Teatro da Rainha com o Teatro das Beiras, “A Noite dos Visitantes”, de Peter Weiss, tem estreia marcada ao ar livre, na Covilhã, no próximo dia 26 de Junho. Aportará nas Caldas da Rainha no mês seguinte, entre 15 a 21, na ruína da antiga Casa da Cultura, ao Parque D. Carlos I. Pelo meio e depois há digressão por freguesias das Caldas da Rainha e Covilhã. Regresso de Fernando Mora Ramos, agora como encenador, a um texto que representou nos idos de 1978 no Centro Cultural de Évora, dirigido então por Mário Barradas, autor da tradução que em boa hora se recupera. Justifica-se o retorno este ser um texto com uma dimensão que atravessa os tempos, exemplar no que conta desde que o homem é o lobo do homem.

Espectácuo para todas as idades, “A Noite dos Visitantes” foi o primeiro passo de Peter Weiss na reabilitação de um teatro popular, aproximando-se de formas artísticas tais como o teatro de marionetas inglês Punch and Judy, o Schaubude alemão, o Grand Guignol francês ou o Kabuki japonês. Trata-se de uma parábola em verso popular, rimado, com uma forte dimensão caricatural a remeter para o teatro de robertos, o clownesco, a commedia dell’arte, outras formas em que o lúdico se alia ao rigor na busca de uma estética antinaturalista. Para Mora Ramos, esta «é uma peça sobre a cobiça, a violência imperial, o direito de morte sobre terceiros que quem tem armas pode impor, o assédio sexual, o direito do mais forte ao que quiser, a tortura, a ameaça, o terror, mas também sobre a manha, a astúcia, o fingimento adequado à resistência em situação, a mentira bem urdida para iludir e ser eficaz por razões óbvias, isto é, as armas que os mais fracos podem intuir e usar num contexto de luta pela sobrevivência.»

Gaspar Rosa Rosinha invade a casa de uma família camponesa. Frederico, o pater familias, inventa a história de uma arca abandonada e enterrada com ouro para distrair o invasor. É incumbido de procurar e trazer a arca, enquanto o terrível visitante lhe ocupa o lar. «Não nos mate, por piedade», rogam em coro. A família fica refém da pata brutal do primeiro visitante. Eis que aparece o segundo, num primeiro instante pela calada, à escuta, depois penetrando o território ocupado. Entretanto, o pai regressa com a arca do putativo ouro. Dá-se uma grande batalha entre os gananciosos ladrões, da qual resulta enorme mortandade. Escapam duas crianças. Quando finalmente abrem a arca, são estas quem descobre o pouco com que terão de reconstruir o futuro.

Autor de um teatro politizado e documental, Weiss realiza nesta peça uma alegoria do esbulho imperialista. Sendo referida ao final da Segunda Grande Guerra, ilustra de modo simples, mas eloquente, como o saque dos recursos naturais acaba por manchar de forma infame a justa vitória dos “libertadores”. Assistindo nós hoje a todo o tipo de invasões e de ocupações, a peça de Weiss ganhou renovada actualidade. Teatro iminentemente físico, bastante divertido, que na encenação de Fernando Mora Ramos adquire também uma componente ritmada e musical com sublinhados assaz expressivos.

Com interpretação a cargo de Fábio Costa, Hâmbar de Sousa e Tiago Moreira, pelo Teatro da Rainha, Benedita Mendes, Miguel Brás e Sónia Botelho, pelo Teatro das Beiras, “A Noite dos Visitantes, de Peter Weiss, conta ainda com dispositivo cénico de Fernando Mora Ramos, iluminação de William Alves, criação sonora de Tiago Moreira, figurinos de Rafaela Ciríaco da Graça, operação de som e execução de instrumentos musicais de João Nuno Henriques. Dias 26, 27 e 28 de Junho, às 22h, no Teatro das Beiras, Covilhã.

Mais informações em http://teatrodarainha.pt/
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