Anfitrião, uma comédia segundo Molière
Anfitrião é um puro exercício de inteligência e prazer, no requinte da linguagem, entre o plausível e a fantasia, é sempre o poder da imaginação que se propõe. ANFITRIÃO é uma leitura muito pessoal do Mito e dos textos clássicos, numa comédia de enganos, onde a intriga se desenvolve na leveza e prazer da linguagem. Uma comédia só aparentemente de enganos, para os tempos que vivemos. Utilizando com maestria o Mito e a Cultura Clássica e as particularidades cómicas desta obra de Plauto, Kleist construiu esta peça única que esconde sobre a ideia de comédia (à maneira de Moliére) uma profunda melancolia não apenas sobre as figuras do herói e do escravo, mas também sobre o papel da Mulher, seja criada ou senhora. Ler hoje este ANFITRIÃO no palco, confronta-nos com a ideia de sobrevivência, com a dúvida se pode haver Justiça com fome, se se pode vencer o destino, quando os homens no terror da luta se julgam deuses. E quando os presumíveis deuses brincam, onde ficam os cidadãos? Uma comédia muito singular para um tempo de MEDO!
Rui Madeira
Ficha Técnica e artística: autor: Heinrich von Kleist tradução: Aires Graça e Anabela Mendes encenação e dramaturgia: Rui Madeira cenografia e figurinos: Manuela Bronze guarda-roupa (confecção): Leticia Santos e Mónica Melo desenho de luz: Sérgio Lajas construção de cenário: Fernando Gomes operação de som: Grasiela Müller elenco: Sílvia Brito, Solange Sá, Valentina Picciau, Diamantino Esperança, Rogério Boane, Eduarda Filipa, Carlos Feio, André Laires Voz-Off Povo: (Elementos da Comunidade de Leitura Dramática) Ângela Oliveira, Carla Carvalho, Elisabete Pedro, Helena Silva, Inácia Cruz, José Luís Rocha, José Manuel Monteiro, Luís Beltrão, Maria João Barroso, Olga Nunes, Paulo César, Teresa Ferreira e Sofia Miranda
Henrich von Kleist (1777-1811) é um dos escritores alemães mais importantes da viragem para o século XIX. Poeta, dramaturgo, romancista, novelista, contista, jornalista, funcionário de Finanças, acusado de espionagem e preso em França por isso. Viajante insatisfeito. Kleist é hoje considerado como um dos nomes maiores da literatura dramática universal. A sua influência estendeu-se até hoje ao campo da filosofia estética, à literatura, sendo um dos maiores vultos da literatura europeia. É autor de obras fundamentais como A Marquesa do O… Michael Kohlhaas e Terramoto no Chile e de peças como A Bilha Quebrada, A Batalha de Armínio” Pentesileia e claro, ANFITRIÃO. Convive com Goethe e Schiller com os românticos Caspar Friedrich e Ludwig Tieck… No final de 1811, após completar 34 anos, profundamente triste a amargurado, Kleist planeia o suicídio e encontra companhia na sua amiga Henriette Vogel, então martirizada por um cancro. O escritor leva a cabo a intenção de ambos no dia 21 de Novembro de 1811, nas margens do pequeno Wansee, atirando primeiro em sua companheira e depois em si próprio
