Segunda-feira, 19 de Fevereiro, às 18h30 Argentina, um país à beira de um ataque de nervos. Conversa com Sergio Perelman (economista) e Andrés Malamud (politólogo)
Bastará uma simples pesquisa no Google para se perceber que ‘à beira de um ataque de nervos’ é daquelas expressões que se ajustam ao estado de qualquer coisa: o mundo, um país, uma cidade, homens, mulheres. Aparentemente, tudo está à beira de um ataque de nervos. Uma tão excessiva banalização aconselharia alguma prudência. O mais difícil, no entanto, seria encontrar uma expressão que melhor desse conta do estado em que ficou a Argentina depois da eleição presidencial de Javier Milei em Dezembro passado. Quer pensemos no que justifica a opção de milhões de pessoas por um programa ultraliberal, apostado em deslaçar qualquer nexo mínimo de relação social de cuidado e equilíbrio e levado a cabo por um autoritário – o que, aliás, atesta bem como o neoliberalismo e as soluções políticas autoritárias convivem plenamente – que afirma, de motosserra em riste, falar com Deus através do seu cão morto; quer olhemos para o desespero em que se encontram milhões de pessoas confrontadas no seu quotidiano com a mais absoluta incerteza, uma inflação galopante, o espectro da miséria e da violência.
Por outro lado, um estado de nervos tão epidérmico tanto releva do desespero quanto da possibilidade de reagir. É com este pano de fundo que recebemos Sergio Perelman e Andrés Malamud, dois argentinos, para uma conversa sobre o estado de coisas na Argentina.
(Cartaz de Alejandro Levacov.)
