19:00 até às 22:00
Fake Extreme Art / making of #13 Colectivo Bu + Ariadne Iribarren

Fake Extreme Art / making of #13 Colectivo Bu + Ariadne Iribarren

Sábado 25 FEV
no Mercado de Arroios 
A performance " Fuga em Preâmbulos" do Colectivo Bu (Portugal) +Ariadne Iribarren (Espanha)
Entrada Livre com RESERVA
https://www.galeriaanalama.org/fuga-em-preambulos/

É uma performance que se dispõe como uma máquina circular naquilo que expressa, agindo como um constante arranque de inícios, e, segundo os próprios, pode ser considerado um transe «em recorrentes sugestões».
De frisar que o making-of da performance para câmara e com público será um momento especial, já que a filmagem é também um dispositivo autónomo que integra simultaneamente o público convidado num dispositivo de filmagem multicâmara, ou com câmaras de vigilância, instalado, manipulado em tempo real (vjing), editado e apresentado pelo realizador Gabriel Marmelo.


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A Galeria Ana Lama tem a honra de apresentar «Fuga em Preâmbulos», do Colectivo Bu, duo de artistas, escritores e performers.

Frase de Andy Warhol. I want to die with my blue jeans on. 

O Colectivo Bu é composto de operários da linguagem contemporânea em artes. Quando fazem performance, usam gestos simples. As suas apresentações incidem muitas vezes sobre a palavra e a presença. 
Tratam conteúdos, ideias ou obsessões sobre os quais refletem — muitas vezes, o foco recai em problemas estéticos; noutras, em conflitos por resolver, coisas comuns a qualquer ser humano. A sua obra desenrola-se em diferentes formatos, como ações ou performances multimédia, vídeo e peças sonoras. 

Frase de Andy Warhol. O que é ótimo neste país é que a América iniciou a tradição em que os consumidores mais ricos compram essencialmente as mesmas coisas que os mais pobres. Pode estar a ver TV e ver Coca-Cola, e fica a saber que o presidente bebe Coca-Cola. A Liz Taylor bebe Coca-Cola. Pensando bem, você também pode beber Coca-Cola.

Desenvolvem um projeto editorial complexo, a umBU, «uma editora experimental de livros vivos, um projeto plural de objetos poéticos-experiências», no qual a ideia tradicional de edição como procura do outro, do autor, se mistura bué com a procura dos próprios editores enquanto escritores. Portanto, encaram a autoedição e edição de vários autores numa mistura orgânica.
As suas edições de livros, qual trabalho de minúcia de relojoeiro, são sempre manufaturadas. Os livros são cozinhados um a um, numa culinária um tanto extravagante, dentro do espírito fast food editorial do livro. 
A umBU parece, de forma exponencialmente arrogante, querer reinventar as regras da edição, sendo os seus objetos-livros, as edições, resultado de algo entre a invenção, a comunicação e a comercialização. A umBU é uma mediadora de conteúdos literários, mas também é um invento literário. 

Frase de Andy Warhol. No futuro, todos serão famosos por 15 minutos.

Do desdobramento do caleidoscópio literário dos Bu — da edição à performance, da palavra aos objetos de cena, aos livros manufaturados — resulta um cruzamento da escrita com o pensamento sobre a imagem acionada, ao qual pode subjazer uma estratégia de corrupção de ambos os códigos (escrita e imagem). 

Um exemplo. Um livro que é uma espécie de ficheiro de poemas. Que é um apanhado de conversas. Conversas tidas com um amolador quando viviam num bairro antigo de Lisboa…
No fractal literário dos Bu parece haver um esculhambar simultâneo, por um lado, de um certo utilitarismo hermético e distante da imagem do livro-produto e, ao mesmo tempo, um esvaziar, ou espremer de forma intencional, do significado do texto.
O uso amplo da imagem e da escrita, nos Bu, é uma fogueira de vozes polissémicas que na sua raridade nos leva de uma forma intencional à incomunicabilidade.
Salientamos que a aparente (talvez) a ausência de mundividência e de alegoria nos textos espremidos no estendal do coletivo Bu é intencional, apesar de estes parecerem ter a ambição da procura de significados na palavra.
No conjunto vasto de obras dos Bu, este efeito aspirador de uma moral fácil, que cairia sobre os seus leitores e testemunhos, esta aparente não-alegoria dos seus arremessos literários, não lhes retira a capacidade de narrar — pode é, antes, construir uma narrativa à procura de um destinatário mais amplexo e improvável.
Os Bus alargam os sentidos da relação entre a escrita e a escultura (na manufatura das edições e na construção de objetos de cena), ampliando a literatura a núcleos de sentido mais vastos, com os quais dialogam livremente, remetendo a interpretação para o plano da poesia plástica e dos seus ecos no silêncio.
Esta tratadilha blasé não-alegórica dos Bu, um certo estilo iconoclasta na forma que tem de contar histórias, é de alguma forma muito andywarholiana, já que o Colectivo não recusa o uso dos meios, qual banquete, do literário, do mundo da edição, mas a que de alguma forma também são alérgicos, usando estes meios com o despudor de os afirmar desidratados de estratégia. 
Vamos também contar um segredo. Este Colectivo, de que quase ninguém sabe em Portugal — bem, em Portugal muita gente não sabe de arte nem de coletivos de literatura experimental, porque não lhos deixam saber ou porque, sendo más pessoas, também não querem saber de arte (piadinha). Vamos ao segredo.
O segredo é que este duo iconoclasta e conceptual, no ano passado — 2022, portanto —, não gastou água em casa.
E não gastou, no ano de 2022, água em casa porquê? 
Parece que organizaram uma guerra fingida entre países, uma guerra com os vizinhos espanhóis. Organizaram uma falsa guerra no sentido de chamar a atenção, usando o absurdo, enfatizando o clima de guerra que agora vivemos.
Não sabemos bem a história, mas parece que moram muy cerquita, em Portugal, da fronteira, e assim fizeram um périplo por várias barragens de Espanha, roubando lá baldes de água. 
Parece que já foram às barragens 5340 vezes. Além disso, enviaram um cartaz para a gestão da comunidade local, onde existem essas barragens, para pôr tudo em pé de guerra, dizendo que procuravam começar um conflito com esse ato fronteiriço.
Têm um clube de amigos visados na busca de água a balde em Espanha, e algumas fotos no Facebook a carregar os baldes para a bagageira do seu Fiat 500, mas até agora o caso não tem tido repercussão nem linhas escritas na imprensa.
Frisamos, assim, que o duo não é só um entreposto obcecado por arte, mas também tem boas intenções e dispõe-se a fazer alguma coisa, mesmo que de forma absurda, para melhorar a vida dos outros.
Em «Fuga em Preâmbulos», a performance que apresentam connosco em Lisboa, vão trabalhar com Ariadne Iribarren no Mercado de Arroios. É uma performance que se dispõe como uma máquina circular naquilo que expressa, agindo como um constante arranque de inícios, e, segundo os próprios, pode ser considerado um transe «em recorrentes sugestões».
A experimentação que vão ter a amabilidade de nos proporcionar será uma soma de ações que se irá acumulando, sobrepondo-se e criando talvez uma realidade própria. Uma ação que se constrói em prólogos. 
De frisar que, além da performance do Coletivo Bu com Ariadne Iribarren, o convite ao realizador para um making-of de performance para câmara e com público será um momento especial, já que a filmagem é também um dispositivo autónomo que integra simultaneamente o público convidado num dispositivo de filmagem multicâmara, ou com câmaras de vigilância, instalado, manipulado em tempo real (vjing), editado e apresentado pelo realizador Gabriel Marmelo.

Ana Lama 
Pontón de la Oliva 14/02/2023


Ficha Técnica
Performance: Colectivo Bu + Ariadne Iribarren
Direção artística: Nuno Oliveira E Margarida Chambel
Realização vídeo: Gabriel Marmelo
Operador de Câmara: Tiago Moura
Apoio técnico e apoio à comunicação: Roberto Álvarez Gregores
Revisão de texto: Joaquim E. Oliveira
Tradução: Maia Horta

Apoios: República Portuguesa - Cultura DGARTES; Câmara Municipal de Lisboa;
Polo Cultural das Gaivotas; Junta de Freguesia de Arroios; Marcado de Arroios





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