21:30 até às 23:30
Celina da Piedade faz música para curtas mudas no feminino

Celina da Piedade faz música para curtas mudas no feminino

Cinema Paraíso
Ciclo de cinema ao ar livre

Centro de Arte e Cultura
Jardim Tardoz, 21:30
29 agosto
Entrada livre sujeita à lotação do jardim


O cómico no feminino é um dos menos conhecidos campos do cinema mudo. Ao lado da muito conhecida galeria de actores desta época (com Chaplin e Keaton à cabeça…), falta a galeria das actrizes cómicas, trabalhando a pares ou como solistas, e que a história de algum modo esqueceu.
Esta sessão propõe o encontro com algumas dessas actrizes, em filmes que a narrativa histórica também não valorizou.
As duas últimas curtas têm a particularidade de abordar a problemática da presença das mulheres na vida pública em anos críticos de afirmação do movimento sufragista (1912-1913), numa perspectiva claramente masculina (ou deveria dizer divertidamente masculina?).
A música desta sessão está a cargo de Celina da Piedade, figura central da cena musical portuguesa e presença recorrente nos palcos do Alentejo.


6 curtas mudas no feminino
Uma senhora e a sua criada, Bert Angeles
1913, 12'48"
Rosalie e Léontine vão ao teatro, Roméo Bosetti
1911, 4'50"
Léontine prega partidas, autor desconhecido
1910, 7'
Cunégonde tem visitas, autor desconhecido
1912, 5'45"
As mulheres deputadas, autor desconhecido
1912, 7'35"
Pickpocket, George D. Baker
1913, 13'


*
Desde que, em 1903, Emmeline Pankhurst funda a Women’s Social and Political Union (WSPU), o movimento sufragista ganha crescente expressão e presença nos debates públicos, concitando quer reacções positivas quer negativas. Essa duplicidade está bem patente no modo como o cinema cómico trata o tema, trazendo à praça pública ora as venturas, ora as desventuras da revolução em marcha. Pelos anos 1910, o cinema era uma das arenas do debate público dos direitos das mulheres, de discussão dos papéis de género, das responsabilidades domésticas e mesmo das relações sociais a caminho da emancipação feminina. 

Lembra-nos Claudia Preschl (2008: 7), que os corpos das mulheres desta altura «não são ainda padronizados pelo ideal de beleza» como acontecerá no cinema dos anos vinte, o que talvez deva ler-se em relação directa com a extracção claramente claunesca das actrizes populares dos anos 10. Com efeito, actrizes como a corpulenta Sarah Duhamel (que faz uma série de filmes no papel de Rosalie), Léontine e Cunégonde (as heroínas de uma série de filmes das quais não nos chegou registo do nome das actrizes), dão corpo a heroínas grotescas cuja agressividade as aproxima da destruição ridente (do cenário, das personagens, da trama do filme em construção…),e  não da idealização que pauta os papéis femininos que nos anos 20 dominarão a cena.

O cinema cómico encontrou nas séries uma das mais eficazes vias do seu desenvolvimento. Actores e actrizes representando protagonistas fortes viam a longevidade das suas criações garantida pelas séries, quase sempre com o nome do/da protagonista no título dos filmes, como acontece com as duas aventuras de Léontine incluídas nesta sessão. As personagens ganhavam espessura nesse prolongamento serial, e exploravam assim os seus traços mais radicais, dando origem a tipologias como o 'enfant terrible' ou as adolescentes endiabradas (de novo Léontine e Rosalie). Se as duplas são uma das fórmulas de maior longevidade do cómico, como já acontecia no teatro antigo, as duplas do cinema cómico mantêm-nas na sua eficácia, quer masculina (o alto e o baixo ou o gordo e o magro, como no Bucha e Estica, por exemplo), quer femininas (os pares Tilly e Sally, ou Rosalie e Léontine, estas últimas incluídas nesta sessão). Mas são também populares as figuras singulares, como a hirta e divertida Cunégonde demonstra.

Os dois filmes com que se encerra a sessão merecem um destaque especial: As mulheres deputadas, de 1912 e Pickpocket, de 1913. Em ambos se aborda especificamente o tema das sufragistas, e em ambas se vê representada a história sob o ponto de vista masculino, ou melhor, sob o ponto de vista dos medos masculinos. Ora vejam…

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Celina da Piedade
Acordeonista, cantora, e compositora de Portugal.
Começou a estudar música aos 5 anos, e pouco tempo depois já atuava em público. Estudou no Conservatório de Setúbal, onde também deu aulas de acordeão.
Em 1998 conhece a Associação PédeXumbo, com quem colabora desde então. No ano de 2000 integra o Cinema Ensemble de Rodrigo Leão.
Foi membro fundador do grupo Uxu Kalhus, tocando com a banda entre 2000 e 2010. Integrou o grupo humorístico e musical Homens da Luta.
Colaborou com nomes como Mayra Andrade (com quem tocou e para quem compôs "Mon Carroussel"), Né Ladeiras, Uxia, Ludovico Einaudi, Amor Electro, Gaiteiros de Lisboa, António Chainho, Samuel Úria, entre muitos outros.
Participou como artista e compositora em mais de 50 edições discográficas, para além de bandas sonoras para cinema, teatro e dança.
Integra o grupo Tais Quais em conjunto com Vitorino, Tim, Sebastião, Serafim, Jorge Palma, Paulo Ribeiro e João Gil.
Em 2017 participou no Festival RTP da Canção onde foi finalista com o tema "Primavera".
É co-autora do livro "I cadernos de dança do Alentejo", editado pela Associação PédeXumbo.


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Cinema Paraíso
Ciclo de cinema ao ar livre
Curadoria de José Alberto Ferreira
 
Centro de Arte e Cultura
27 junho – 12 de setembro
Aos sábados, 21h30
Entrada livre sujeita à lotação do jardim. 
 

Convidando a cidade ao encontro e à vivência do espaço, depois da experiência colectiva do confinamento, o Centro de Arte e Cultura da Fundação Eugénio de Almeida promove um ciclo de cinema ao ar livre, a iniciar no último sábado de junho. 
O ciclo intitula-se Cinema Paraíso, evocando a obra-prima de Giuseppe Tornatore, que em 1988 nos deu uma visão apaixonada do cinema e da sua magia. É um pouco dessas magia e paixão que queremos agora partilhar, abordando-a a partir da festa, do humor e da música.
Convidamos, por isso, figuras bem conhecidas do nosso património cinematográfico para esta festa, que inclui sessões com música ao vivo!
Charlie Chaplin, Roscoe ‘Fatty’ Arbuckle, Buster Keaton, Jacques Tati estarão presentes. Mas também as actrizes do cómico, tantas vezes esquecidas, a quem dedicamos uma sessão. E muitos mais convidados, numa galeria de personagens que tratam com a maior seriedade os casos (e acasos) da vida de todos os dias.



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