20:30 até às 22:00
Um fim natural

Um fim natural

um fim natural                     

Para o último dia da DES|OCUPAÇÃO, propomos "um fim natural": um círculo de canto-desenho aberto a todos. DES|OCUPAÇÃO é um ciclo de eventos que assinala o encerramento definitivo do Ateliê Real, espaço marcante das artes performativas portuguesas das duas últimas décadas.

Tendo ao centro do círculo as plantas que habitaram no Ateliê estes anos (e sobre uma grande folha de papel de arroz pousada no chão), tomamo-las como partitura viva para uma exploração vocal. Simultaneamente, descrevendo um círculo-abraço gráfico a essas plantas, desenhamo-las no papel de arroz. Todos o farão com pincel, vivendo esse desenho na tensão viva entre a idiossincrasia dos desenhos de cada um (totalmente aberto ao espectro das expressões, entre virtuosismos gráficos e hesitações tacteantes) e a cor igual por todos usada.  No final as plantas serão levadas para casa, deixando assim o vazio ao centro da página constituir-se quer como ausência efectiva quer como intuição afectuosa de um corpo real que agora se dispersa.

Para o círculo não é requerida nenhuma experiência prévia de canto nem há a mínima pretensão de nele "gerar Arte", nem de excluir-lhe impulsos mais viscerais ou cacafónicos, nem tampouco a pretensão de fugir à sedução das harmonias vocais agradáveis. É aliás, e em boa parte, na medida em que essas energias são acolhidas e expressas que o círculo cumpre o seu propósito.

Evento DES|OCUPAÇÃO Ateliê Real: https://www.facebook.com/events/2096632787115122/ 

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Aquilo que propomos para a DES|OCUPAÇÃO insere-se numa linhagem de círculos que temos vindo a fazer mensalmente em torno de plantas. Escolhendo a cada mês uma planta diferente, planta essa que além de estar fisicamente ao centro do grupo é também eventualmente tomada na forma de chá ou difundida enquanto óleo essencial, tomamo-la como partitura viva e mote vibracional para um trabalho colectivo. A partir de indicações iniciais mínimas e de um silêncio partilhado, passamos brevemente por uma exploração táctil e olfativa da planta. A partir das expirações tornadas sonoras, abrimos então para uma exploração vocal livre (embora sempre atenta ao todo em que insere) que eventualmente se pode estender ao desenho e ao movimento. Apenas no final, e entretecida com a partilha das experiências únicas de cada participante, é feita referência breve às propriedades terapêuticas e à tradição simbólica associada à planta-mote de cada mês. 

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Melim Petersen

Youtube:https://www.youtube.com/channel/UCPnxFlIzelNtghis0geu6pA/videos

A nossa parceria nasce de um enlaçamento de artes comuns ao percurso dos dois: artes plásticas, performativas e curativas.
Temos como eixos primordiais da nossa criação: o entendimento holístico da Natureza; o aprofundamento espiritual exigente e sempre paradoxal/desafiante da presença neste momento agora; a revisitação de tradições antigas e da terra onde nos encontramos.

Estreámos publicamente na primavera de 2018 com a performance pássaros no evento Dreams, Dust and Birds (do colectivo artístico-crítico West Coast), que se constituíu de exposição/performances e debates em torno da extinção de aves. Nesta performance partíamos de algum repertório tradicional português que fizesse menção a pássaros, e enquanto destruíamos/reconstruíamos esse cante, desenhávamos e apagávamos sucessivamente pássaros sobre tambores. A nossa parceria performativa, desde aí tornada contínua e parte central dos nossos percursos profissionais, tem passado por criação intensa de materiais em sala de ensaio/ateliê e tido expressão pública em: círculos - momentos abertos ao colectivo de trabalho de consciência corporal, criação vocal e meditação; residências artísticas – das quais destacamos a realizada no colectivo O Bosque (Estremoz – Setembro/Outubro 2018) e a realizada na Galeria Porta 33 (Funchal – Dezembro/Janeiro 2019). Paralelamente, temos aprofundado o nosso estudo energético/curativo das plantas: um de nós está a formar-se como Naturopata profissional (com ênfase no uso de plantas medicinais) e o outro acompanha continuamente o trabalho de curandeiros tradicionais da Amazónia Peruana. Para estes curandeiros, a ligação plantas-canto-imagens é indissociável de uma cura séria que realmente abrace a totalidade do paciente nas suas dimensões física e  subtis, pessoais e interpessoais. São as próprias plantas, cuja inteligência e energias incorporam ao tomá-las em jejum durante meses em isolamento na selva, que conferem aos curandeiros as suas capacidades de ajudar as pessoas. Com essa referência, mas sem pretensão nenhuma de obtenção de "poderes", pretendemos sim aprender e recriar-nos com as plantas e terras de cada lugar, contribuindo com as nossas performances para o processo de vida de todos os presentes.


Daniel V. Melim (www.danielvm.com)

Licenciatura em Artes Plásticas pela FBAUL (2006) e em MA Applied Anthropology and Community and Youth Work - Goldsmiths College (2016, bolseiro Gulbenkian) Finalista do Prémio EDP Novos Artistas 2007, vencedor do Prémio Fidelidade Mundial Jovens Pintores em 2011 e shortlister do projecto mundial 100 Painters of Tomorrow (Thames & Hudson, 2014). Tem desenvolvido imagens feitas à mão (pintura/desenho) e projectos relacionais em que a Arte está também ao serviço do desenvolvimento pessoal dos participantes. Tem participado em projectos performativos de A. Borralho/J. Galante. Participa em sessões de spoken word onde a sua palavra de autor oscila entre a declamação, a canção e o improviso. O interesse por desenho colectivo emana da frequência dos ateliês abertos de CTR na Re.Al. Em 2019 prepara uma performance para o Museu de Arte Sacra do Funchal e outra para a bienal AnoZero em Coimbra.



Maria Petersen

Licenciou-se na Faculdade de Belas Artes em Lisboa. Tem trabalhado com desenho, pintura, fotografia, video, disciplinas que também leccionou vários anos numa escola privada em Lisboa. Desde 2013, tem experimentado e investigado também nas áreas das medicinas alternativas, alimentação e cura natural, com enfâse no universo comunitário/sustentável, nomeadamente na agricultura, permacultura e agrofloresta. Tem tido foco particular na abordagem de tradições curativas e criativas antigas. Na área da música, estudou canto lírico e tem feito parte de vários projectos corais, estando actualmente envolvida no Coro Miosótis (de ênfase improvisativo) dirigido pelo maestro Luís Almeida. Facilita círculos de voz desde 2017 em conjunto com outras mulheres.
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
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