Joana Leal | LÁ FORA 2019

As memórias são lugares. Interrompidos, por vezes. As memórias são lugares que oferecem eternidade a quem está de passagem. Das mãos já velhas da Joana nasceu um trapo longo  que concilia várias memórias. Um trapo em duas partes desiguais e desequilibradas. De um lado, 30 metros estanques - como se fossem uma parcela da vida em que, por um qualquer motivo oculto, já ninguém pode tocar. Às vezes, a vida é para ver vertical, vaidosa, ao longe. Outras vezes, a vida estende-se em pouco mais de 10 metros, para que nos deitemos com ela longamente e possamos coser-nos, contra o inevitável esquecimento do Tempo. A vida é, também ela, um festival curto e estranho por onde brincamos à História com histórias de amor. Fazer trapologia é uma forma de registo. Cada pedaço de tecido tem uma casa, um corpo, uma história, que a Joana com engenho costurou rente a outra. Quem são estas pessoas, que aqui se avizinham?
Cátia Terrinca 

_____

Artista residente em Elvas, Joana Leal traz ao Lá Fora um projeto singular. Trata-se de Passagem, uma criação que coloca as mãos ao serviço da memória e se abre aos espetadores do Lá Fora. Um objeto que acompanha a Joana Leal e vai crescer com os espetadores do festival que nele queiram entrar. Dia 14, durante todo o dia, no Centro de Arte e Cultura, a Joana cose memórias e faz crescer a sua Passagem consigo. Um ritual feliz de uma velha artesã inconformada, como diz a Cátia Terrinca, agora aberto sobre o festival e os seus espaços.