“Quem tem medo da Flor do Campo?” parte de três mulheres do Vale do Ave: Rosa Martelona, Virgínia de Moura e Rosinda Teixeira. As vidas destas três minhotas cruzam-se neste poema visual como uma homenagem, ou, um tributo à força de resistir contra um sistema opressor sobre as mulheres (do passado e do presente). Sobre a operária Rosa Martelona pouco se sabe, mas a sua coragem ao se insurgir contra a direção de uma fábrica têxtil, ainda antes da Marcha da Fome dos anos 40, por não haver pão para ninguém, é suficiente para que não a deixemos cair no esquecimento. Naquele tempo, agarrar um diretor pelos colarinhos, ameaçando-o de ficar sem algumas partes do seu corpo, condenou-a a três meses de prisão. Virgínia de Moura, um dos maiores símbolos da resistência anti-fascista portuguesa, teve toda a sua vida marcada por perseguições, prisões e tortura pela então Polícia Internacional e de Defesa do Estado. É tão vasta a sua história que não caberia nesta sinopse. Contudo, é de salientar que nunca deixou de lutar e, talvez mais importante, nunca deixou de sorrir. Por último, Rosinda Teixeira, a mais triste história da cobardia da rede bombista de extrema-direita pós-25 de Abril. Foi morta num atentado à bomba na madrugada de 21 de maio de 1976. Rosinda foi vítima de um sistema feudal que não era capaz de aceitar a democracia e o direito dos trabalhadores reivindicarem por melhores condições de trabalho. As três mulheres do passado do Vale do Ave, formam uma trindade de Luta, Força e Liberdade; e devem ser lembradas para inspirarem as gerações do presente e do futuro.