16:00 até às 20:00
Inauguração da exposição 'Carlos Cobra: uma exposição'

Inauguração da exposição "Carlos Cobra: uma exposição"


Carlos Cobra: uma exposição

Carlos Cobra faz parte de uma extraordinária geração de artistas portugueses, bolseiros da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris nos anos 60 e 70. Entre esses muitos artistas, que por razões várias emigraram para Paris, contavam-se Lourdes Castro, Eduardo Luiz, René Bertholo, José Escada, António Dacosta, João Vieira, Costa Pinheiro, Jorge Martins e Júlio Pomar, entre outros. Cruzar-se-iam em exposições, em trabalho, ou no célebre atelier de Vieira da Silva e Arpad Szenes em Montparnasse.

Na capital francesa, com o auxílio da bolsa, Cobra frequenta as aulas de escultura de Henri-George Adam na Escola de Belas Artes e inicia-se no estudo das técnicas de ferro soldado e de fundições na Académie du Feu com o escultor húngaro László Szabó. Étienne Hajdú, que trabalhou os mármores de Estremoz em muitas das suas obras, também viria a orientar várias das suas peças. Em 1967, participa na Bienal de Paris e em 1971 na exposição colectiva “10 ans d’art portugaise”, que Joaquim Veríssimo Serrão, na altura o director do Centre Culturel Portugais, dedicou aos bolseiros de Paris. Em 1981, recebe o Prix Bourdelle, o mais importante prémio da escultura europeia, a única vez que foi atribuído a um artista português, tendo o museu exposto as suas obras.

Depois de uma exposição, a única ao que sabemos, de pinturas sobre papel, já lá vão umas cinco décadas, organizada por Laura Soutinho na Cooperativa Árvore, podemos agora ver, finalmente em Portugal, uma nova mostra do trabalho de Carlos Cobra, nesta exposição que reúne cerca de quarenta pinturas inéditas dos últimos anos, e uma belíssima e rara escultura de 1960. Que nos surgem com uma tal veemência no silêncio (palavras roubadas a HH em Photomaton & Vox), e uma força secreta, longe da gritaria do mundo, e que permanecem vulneravelmente para lembrança súbita de alguns.

A acompanhar a exposição, projecta-se uma conversa entre Carlos Cobra, Paulo Branco, que o conheceu em Paris no início dos anos 70, mantendo desde aí uma amizade, e o realizador e argumentista Carlos Saboga, que conheceu Cobra ainda em Portugal e também se exilou na altura em Paris, onde, como Cobra, ainda vive e trabalha. Cobra fala-nos de Paris e do seu trabalho artístico, de arte e de literatura, dos artistas com os quais conviveu, dando-nos uma perspectiva extremamente rica de uma época e de uma geração fundamental na arte portuguesa.

A partir do início da década de 80, Cobra passou a dedicar-se mais à pintura, e continua a trabalhar todos os dias. E na conversa que referimos, diz: “Um quadro constrói-se através do diálogo entre o pintor e a tela. O quadro propõe coisas que aceitamos ou não, e o pintor propõe outras coisas que o quadro aceita, ou não. É este diálogo que é longo.” E adianta: “Uma coisa interessante na pintura é que permite corrigir o passado. Acontece-me corrigir quadros que fiz há 50 ou há 60 anos. Às vezes vou buscar um quadro e retoco-o. Fazer este género de coisas é um pouco como o trabalho do alquimista. O essencial da natureza do alquimista consiste em repetir todos os dias os mesmos processos simbólicos. Todos os dias repete a mesma operação com produtos químicos que possuem um simbolismo, e essa operação é uma espécie de oração que alimenta o espírito. E a pintura é um pouco isso para mim.” Concluindo depois: “O comércio não tem nada que ver com a arte. É outra coisa. É o comércio da arte, mas é outra coisa. E não é isso que me interessa. Nunca ninguém viu estes quadros. É a primeira vez que os vou mostrar. Que estes meus quadros serão vistos.”


Carlos Cobra

Escultor e pintor. Nascido em 1940, em Alcácer do Sal, Carlos Cobra foi, como muitos artistas da sua época, aluno da Escola de Artes Decorativas de Lisboa (a actual Escola Artística António Arroio). No início dos anos 60 viaja para Paris (onde ainda vive e trabalha), como bolseiro de escultura da Fundação Gulbenkian. Em 1967, participa na Bienal de Paris e, em 1981, recebe o Prix Bourdelle, o mais prestigiado prémio de escultura na Europa. No entanto, a sua obra, é praticamente desconhecida em Portugal, e esta exposição, que o LEFFEST organizou no MUDE, em Lisboa, em Novembro de 2024 e agora podemos ver no Espaço Mira com uma nova “arrumação”, é uma amostra dos seus trabalhos dos últimos anos, a que se junta uma escultura de 1960.

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