Travel Talk “Afeganistão - Um outro olhar sobre um país e um povo” com José Luís Santos 🗓️ 08 de fevereiro, 17:30 📌 Espaço Exodus Todos já ouvimos falar do Afeganistão, e todos sabemos que não é pelas melhores razões. Há mais de quatro décadas que é assim. Guerra, terrorismo, atropelos aos direitos humanos. Sobretudo das mulheres. Basicamente, desgraça. Este é o triste postal que fomos construindo sobre um território que já já demasiado tempo sofre de um triste fado, situação que parece infelizmente estar para durar, após a retomada do poder pelos talibãs no Verão de 2021. Mas este país é muito mais que os seus decisores políticos e religiosos. Falo das suas soberbas paisagens naturais que nos deixam de boca aberta, tal como o seu património histórico-cultural. E o mais importante, a sua população. Este foi o cerne do meu interesse por este Estado que, não obstante ser governado por uma teocracia com tiques medievais, tem um povo tão simples como hospitaleiro, de braços e coração abertos perante um estrangeiro como eu. Foi rápido perceber que se trata de um país que vai muito para além da situação de pária a que foi votado, em boa parte resultado de uma narrativa e visão ocidental enviesada sobre um povo, uma cultura e uma religião que nos foram apresentados da óptica mais sensacionalista possível. Esta apresentação é, assim, a súmula das minhas vivências e ilações decorrentes de quase duas semanas por uma zona do mundo muito pouco recomendada seja a quem for. Falo do que vi e experienciei, livre de qualquer rótulo, preconceito ideológico, ou juízo de valor, como por vezes se tende a cair do alto da dita virtuosidade europeia. O mundo é um lugar belo, mas complexo, com gente boa, apesar de algumas partes serem governadas por gente cruel que em nada espelha o espírito do seu povo. Nestes tempos conturbados, em que os populismos e extremismos pululam pela nossa Europa, é acima de tudo um contributo para que se conheça o “outro”, olhando-o como um ser com um rosto e identidade, dotado de características que nos fazem perceber que é mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa. Basicamente, de que somos todos seres humanos. Construamos, então, pontes em vez de muros. O José: Consta que, certo dia, a sua mãe se lamentou a uma amiga de que o seu filho teria sido feito “numa noite de tempestade”, por ele ter partido para mais uma viagem rumo a um país com um nome estranho, daqueles que não são mencionados nos concursos televisivos. Fez-se à estrada pela primeira vez aos três anos de idade, quando fugiu dos seus pais em plena Serra da Lousã, até ser apanhado uns trezentos metros mais à frente, quando seguia na direção contrária à da sua casa. A necessidade de partir foi-lhe diagnosticada precocemente. Cresceu em Viagem, e a Viagem fê-lo crescer. Desde cedo que se apaixonou pela disciplina de História, da qual hoje é professor. A Fotografia foi um amor ao primeiro clique numa câmara que comprou para uma visita de estudo. Viagem, História, Fotografia. Estava assim completa a Santíssima Trindade que nortearia a sua vida. O mundo do jornalismo e da escrita veio logo a seguir quando, aos 18 anos, inicia a sua colaboração no jornal local da sua terra, a Lousã. Tem hoje uma coluna de crónica de viagem no diário As Beiras, de Coimbra. Já na Universidade, para Siena, em Itália, para aí estudar um ano ao abrigo do programa Erasmus. Percorreu milhares de quilómetros à boleia, com uma mochila pequena às costas que levava pouco mais que o equipamento fotográfico. Partia sem destino, ou com bilhete só de ida. Roçou muitas vezes o limite do razoável em algumas situações, e regressava exausto, mas com uma vontade imensa de contar histórias. A sua chegada de comboio a Istambul com o sol a pôr-se por detrás das silhuetas das mesquitas ditaram-lhe o disparo de partida para o seu interminável projeto fotográfico da Rota da Seda. Orientou a partir daí a sua atenção para o Médio Oriente, viajando pelo Líbano, Egipto, Síria, Israel e Palestina, Jordânia e Irão. Prosseguiu depois mais para leste, aventurando-se pelo Turquemenistão, Uzbequistão, Tajiquistão, Quirguistão e Cazaquistão, ligando esses longínquos territórios da Ásia Central à China, que calcorreou de um lado ao outro várias vezes. Índia, Paquistão, Tailândia e Camboja seguiram o mesmo destino. No próximo mês de Abril irá para o Iraque. Leva a cabo várias exposições e já venceu prémios de fotografia em concursos nacionais e internacionais. Além de passar o bichinho destas aventuras aos seus alunos, é líder de viagem do Fotoadrenalina. Realiza também workshops de fotografia e de escrita de viagem. Encontra-se a fazer um Doutoramento na FEUC em Democracia no Século XXI, preparando uma tese sobre "a fotografia de viagem como metodologia de investigação e veículo de transmissão de uma consciência intercultural: o caso da Rota da Seda". O seu leitmotiv é de que a sua vida seja uma história que valha a pena ser contada. O Espaço Exodus O Espaço Exodus é um espaço cultural, em Aveiro, com galeria fotográfica, biblioteca e espaço de convívio e lazer. Temos exposições bi-mensais, Travel Talks, workshops de fotografia e outras temáticas, projeção de documentários, debates e conversas, e outros eventos como apresentação de livros, lançamentos de projetos, etc. É a casa oficial do Exodus Aveiro Fest onde garantimos uma agenda cultural de atividades mensais. Com as nossas exposições queremos mostrar que a exploração e aventura estão ao alcance de todos e que pode começar tanto à porta de casa como do outro lado do mundo. Mas queremos também mostrar as dores e as feridas do nosso mundo, porque acreditamos no poder da partilha como veiculo de mudança. As visitas ao Espaço são de entrada livre! LOCAL: Rua 31 de Janeiro, nº 19, Fração R (Cave), 3810-192, Aveiro. A entrada faz-se pela rua da bilheteira do Teatro Aveirense. ESTE EVENTO É DE ENTRADA LIVRE E NÃO REQUER INSCRIÇÃO