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Exposição de Pintura 'Tudo menos outra coisa'

Exposição de Pintura "Tudo menos outra coisa"

João Jacinto e Mariana Gomes

"Tudo menos outra coisa"

A Galeria SETE apresenta a exposição Tudo menos outra coisa, de João Jacinto e Mariana Gomes.

Esta mostra, de dois artistas e funcionando como duas exposições individuais (porque cada uma ocupa espaço distinto na galeria) não deixa, contudo, de ser uma exposição colectiva pois desde logo há coincidência nos meios empregues nas obras respectivas e sintonia no olhar e vida dos artistas, que apresentam mais de 40 trabalhos.

João Jacinto (piso -1), pintor, a propósito dos trabalhos apresentados, uma continuação na sua já longa carreira, diz-nos: “A acreditar que há sentido no mundo, e nas coisas de que é feito, apetece-me dizer, como Frank Auerbach:
- Se já faço isto há tanto tempo, é porque não deve ser vão.
E isto ser razão suficiente.
Isto é tudo como essas pequenas ficções do Beckett, em que o personagem gasta o seu tempo a mudar pequenas e vulgares pedras de um bolso para outro. Resta dizer que uma certeza há:
- Faço mais pintura que pinturas.”

Ou seja, também para ele, a sua vida de pintor é um exercício continuo e incessante, em que o sentido se inicia na própria prática. 


Mariana Gomes (piso 0 ) refere que “Todas as coisas do mundo vão de encontro ao olhar, este não se fica. Há coisas que saem dos dedos a todos os instantes. De todas as cores, algumas. De todas as mãos, a esquerda.
O elogio do erro é sucessivo, como um truque que corre mal. Mostra a estrutura do embuste e o seu falhanço é o que faz a própria coisa, como uma pintura que denuncia os seus próprios defeitos, desmonta o modo de pintar, o que está pintado, como se se virasse contra si rindo descontroladamente.
Sem mais demoras: o trabalho é compulsão, e os dias, o júbilo e a extrema tristeza de existirem.
Pintar para quê? Não sei, mas faz sentido.”

Parecendo alertar-nos para o facto do sentido último da obra acabada ser aquele, podendo ter sido outro (talvez alcançado numa próxima pintura), sendo certo que também para ela o sentido se inicia no próprio acto de fazer e aceitar que a obra/pintura se faça.



João Jacinto (Mafra, 1966) apresenta uma série de pinturas, sendo a Pintura a sua principal condição de existência na cena artística.
O seu processo é determinante para a forma e o estatuto que a sua obra assume. É este exercício, repetido e acumulativo, que confronta e questiona, o limite estrutural da obra e do seu suporte. Jacinto sujeita as suas obras a várias transformações ao longo do tempo, aspecto relevante no seu trabalho, uma vez que várias obras são trabalhadas durante longos anos.
A sua pintura não raras vezes se questiona a si própria, e dela parece querer ‘soltar-se’, ganhando uma fisicalidade tal que, facilmente, nos remete para territórios em torno da escultura. A paisagem, mesmo que abstracta, é certamente evocada, mas o que mais nos retém, quando confrontados com as suas obras, é sobretudo a sua dimensão corpórea, escultórica ou tridimensional. Depois, depois, claro está, vem a cor, o excesso, a acumulação. O processo.

Mariana Gomes (Faro, 1983) é um jovem valor do recente panorama nacional, usando as matérias da pintura com grande liberdade, facilidade, alegria de cores e formas, sensualidade de
texturas e energia.
As suas pinturas estão sempre numa fronteira entre a abstracção e a figuração, usam padrões mas desequilibram toda a disciplina da abstracção, recorrem a sugestões figurativas mas escondem-nas sob a capa de uma ténue abstracção. Paralelamente Mariana Gomes recorre ao uso da palavra em pequenas pinturas onde inscreve uma única palavra ou pequenas frases lapidares de conteúdo irónico, crítico e humorístico.
“O método de trabalho de Mariana Gomes é rápido e feliz, leve e intenso, eufórico e provocador, experimental e obsessivo. Que a cor é essencial, o gesto é essencial, a matéria é essencial. Mas
também a palavra é essencial. O que a pintora torna visível não pode ser facilmente dito e o que ela deixa facilmente dito (ao pintar palavras) fica mais complexo por ser pintado (por ser
pintura)”, descreve João Pinharanda.
O programador cultural e comissário da Fundação EDP acrescenta ainda que “o seu plano é o da absorção da realidade – e a realidade é muito complexa e vária. Mariana Gomes usa uma imaginação que se alimenta de múltiplos graus da realidade – é daí que as suas pinturas nascem”.
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