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Orquestra de Guimarães

Orquestra de Guimarães

O compositor polaco Henryck Górecki (1933-2010) compôs a Sinfonia n.º 3 “das lamentações”, para soprano e orquestra, em 1976, sendo estreada no Festival Internacional de Arte Contemporânea de Royan a 4 de abril de 1977. A obra versa sobre as temáticas da perda e separação ligadas ao contexto da guerra. A Sinfonia ganhou particular notoriedade no início dos anos 90, em virtude da gravação discográfica que vendeu mais de 1 milhão de cópias, com direção musical de David Zinman e interpretação de Dawn Upshaw (soprano).
Os 3 andamentos refletem a temática da perda, separação e guerra, revelando uma mudança de rumo na linguagem do compositor, que se vinha verificando desde final dos anos 60, com maior ênfase na dimensão expressiva e emocional, aqui concedida pelas texturas orquestrais e pelas intervenções do soprano. Górecki baseia-se em diferentes textos, nomeadamente numa canção popular do séc. XV, na qual a Virgem Maria se dirige a Jesus na cruz, utilizada no primeiro andamento. A inscrição que encontrou na parede de uma prisão da Gestapo, feita por uma jovem de 18 anos, é usada no segundo andamento, e uma canção oriunda da Silésia, utilizada no andamento final, na qual uma mãe procura o seu filho, morto pelos alemães, conferindo assim uma elevada carga emocional a esta sinfonia.

PROGRAMA

Sinfonia nº 3, Op.36 – “das lamentações” de Henryk Górecki

I. Lento - Sostenuto tranquillo ma cantabile
II. Lento e Largo – Tranquillissimo
III. Lento – Cantabile Semplice

Laryssa Savchenko
Nasceu na Ucrânia.
Estudou no Conservatório Nacional de P.I.Tchaikovsky de Kiev e obteve o diploma de Canto Lírico. Trabalhou de 1985 dás 1997 no Teatro de Ópera de Kiev, interpretou os seguintes papéis: Madalena (em Rigoletto de G. Verdi), Siebel (em Faust de Gounod), Olga (em Eugeni Onegin de Tchaikovsky), Duenia (em Mosteiro Noivado de Prokofiev), Marta (em Iolanta de Tchaikovsky), Liubacha (em A Noiva do Czar de Rimsky-Korsakov) e L’Enfant et les Sortilèges de Maurice Ravel, entre os outros papeis compositores ucranianos.
Em 1997, foi convidada a trabalhar como professora de canto, no Conservatório Regional de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, Açores. Em 2001, começou a sua actividade como professora de canto no Conservatório Nacional de Lisboa, bem como membro do Coro do Teatro Nacional de S. Carlos.
Nas Temporadas do Teatro nacional de São Carlos
entre 2001 e 2016 realizou vários papeis como solista nas seguintes obras: cantata Alexander Nevsky de S. Prokofiev, papel de Catherine em Jeanne d’Arc au Bûcher de Arthur Honegger, Petitte Messe Solennelle de G. Rossini, Stabat Mater de A. Dvorák e interpretou o papel da Suzuki em Madame Batterfly de Puccini, Iolanta de P.Tchaikovsky Trabalhou com os seguintes maestros: Volodymyr Gluchko, Zoltan Pesko, Jonatahn Webb, Cristopher Bochmann, José Lobo, João Paulo Santos, Vladymyr Fedoseev. Em 2007 foi convidada a cantar no elenco de Iolanta de P. Tchaikovsky no Teatro de Arena di Verona, Itália, com o maestro Vladymyr Fedoseev. Em 2008 entrou no elenco da ópera Aleko de Rachmaninov com a direcção do maestro Will Humburg, Charodeika de Tchaikovsky. Em 2009 interpretou papel de terceira dama da ópera Elektra de Strauss na Fundação Calouste Gulbenkian com Maestro Lawrence Foster. Em 2010 interpretou o papel da Larina de ópera Eugeni Onegin de P.Tchaikovsky com Maestro Michail Yurowski.
Em 2011 foi convidada cantar Cantata Alexandre Nevsky de S.Prokofiev com maestro Lawrence Foster na Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 2015 foi solista ca Cantata Alexandre Nevsky, do S.Prokofiev no Centro Cultural do Belem nos Dias de Musica, sobre a direcção do Maestro João Paulo Santos.
Em 2016 foi convida para papel Mamma Lucia, da ópera “Cavalleria Rusticana” do Pietro Mascagni,no Festival ao Largo do Teatro Nacional de São Carlos com maestro Domenico Lungo.
Em 2017 participou no Concerto da abertura de Dias de Musica no Centro Cultural de Belém, onde cantou o papel do solista em Cantata do S.Prokofiev, “Ivan Terrível” com Maerstro Mykola Diadiura.
Em 2017 cantou Sinfonia N14, Op.135 do D,Shostakovich com Orquestra de Metropolitana com Maestro Yan Mikirtoumov.

Notas ao programa
A Sinfonia n.º 3 de Henryck Górecki (1933-2010), com o título “das lamentações” (por vezes traduzida para o português como “das canções tristes”), é uma obra de grande significado humano e musical, marcando também uma mudança relevante nos seus referentes composicionais. O compositor polaco, oriundo da Silésia, afasta-se progressivamente, a partir de meados dos anos 60, das linguagens musicais mais vanguardistas, marcadas pelas dissonâncias, serialismo e discurso fragmentado, para construir um caminho na direção da expressão e da emoção, aproximando-se do minimalismo harmónico, de uma conceção musical mais estática e de um papel destacado da consonância. Fruto desta mudança é a Sinfonia n. º3 para soprano e orquestra em programa, composta em 1976 e estreada no Festival Internacional de Arte Contemporânea de Royan a 4 de abril de 1977, versando sobre as temáticas da perda e separação ligadas ao contexto da guerra. A obra ganhou notoriedade num período que se seguiu à queda do comunismo e a uma maior visibilidade internacional da música polaca. Em particular, a gravação da Sinfonia n.º 3, lançada em 1992 pela editora Nonesuch Records, com direção musical de David Zinman e interpretação da soprano Dawn Upshaw, vendendo mais de um milhão de cópias. A consagração internacional da obra foi também alcançada pela sua inclusão nos programas sinfónicos das principais orquestras mundiais.
Os 3 andamentos refletem a temática da perda, separação e guerra, partindo o compositor de diferentes materiais para a sua obra. Destaca-se, em primeiro lugar, a melodia oriunda da região da Silésia, recolhida pelo folclorista polaco Adolf Dygacz, sobre a dor de uma mãe que perde o seu filho na guerra. O texto da melodia, contrasta com outro que marcou o compositor, inspirado por uma inscrição encontrada numa prisão da Gestapo, em Zakopane, no sul da Polónia, escrita por uma jovem de 18 anos, que procura acalmar a dor da sua mãe, pedindo à “Imaculada Rainha dos Céus” que a socorra. O terceiro texto utilizado é retirado de uma canção popular, anónimo, datado do século XV, na qual a virgem Maria diz a Jesus, aquando da crucificação, “Oh, filho meu, o Amado e Eleito, partilha as tuas feridas com a tua mãe”.
O primeiro andamento, Lento. Sostenuto tranquilo ma cantabile, de grande expressividade e dimensão (o mais longo desta sinfonia), é iniciado com a entrada sucessiva das vozes, num cânone de caráter modal, a partir do registo mais grave, e depois no movimento inverso. A soprano entra posteriormente, na segunda secção do andamento, com o excerto do texto do séc. XV que retrata o lamento da Virgem Maria, construindo um clímax ao qual se juntam as cordas. A última secção retoma o cânone, com efeito contrário a partir da voz mais aguda, encaminhando-se para o final com as cordas mais graves e com o piano.
A inscrição que encontrou na parede da prisão da Gestapo é utilizado no segundo andamento, Lento e Largo – Tranquilissimo, inspirando-se num ambiente concedido por uma melodia tradicional, que marca a conceção musical, através da utilização de notas pedal no início. Górecki pretendia que esta melodia dominasse, de certo modo, a orquestra, criando uma paisagem sonora lírica e quase contemplativa.
O andamento final, Lento – Cantabile semplice, oferece uma grande riqueza musical, não apenas pela utilização de materiais dos andamentos anteriores, como por elementos musicais retirados da Mazurka op. 14 de F. Chopin e da Sinfonia n.º 3 de L. v. Beethoven. Górecki apresenta aqui a canção oriunda da Silésia, possivelmente do período das revoltas que ali tiveram lugar entre 1919 e 1921, em que uma mãe procura o seu filho, morto pelos alemães, conferindo grande intensidade dramática e expressiva à música.

Fonte: https://em.guimaraes.pt/agenda/geo_evento/orquestra-de-guimaraes-20
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