Razor’s Edge inspira-se no livro de Sommerset Maugham e na procura que Larry Darrel faz pelo sentido da vida, da sua identidade e espaço no mundo. Um caminho feito por entre o materialismo e a espiritualidade, numa dicotomia tão contemporânea como antes. No fim o que importa foi que cada personagem fez o caminho que queria fazer. Hoje, num mundo tão aberto e diverso, onde tudo muda de sítio e se mantém, ao mesmo tempo, fazer essa procura, é um caminho pela multiplicidade e dissemelhança sem saber se encontra o ser que realmente é. – E tanto tem que se atravessar, sendo o revés um par íntimo da felicidade, o perigo e o desconhecido de um fio da navalha por vezes descontínuo, comum em muitos de nós. Em Razor’s Edge, o artista opõe o imóvel que se altera com uma alteração quase imóvel. No seu oposto, quase espelho vivo, dá-se uma procura, uma luta, um desprendimento. Há que saber deixar ir durante a busca. É importantíssimo. Não sendo uma luta de tesouras como em Rebecca Horn, em “Cutting One’s Hair with Two Scissors at Once” , existe da mesma forma uma batalha, entre a melancolia/ansiedade e a vitalidade/pulsar da vida. Tal como no mito de Sansão, a perda de cabelo não significa a perda das forças, mas sim a descoberta da verdadeira força. Mas sim correm-se riscos, com o passar do tempo, no imutável e na violência do pensamento. Os riscos têm de se correr. Curador: Alexandre Rato
Fonte: https://www.cm-evora.pt/eventos/razors-edge-exposicao/
