Exposição de Fotografias sobre a Comunidade Cigana – Dia Internacional do Cigano A 3 de Junho de 2018, numa viagem como outra, atravessava num dia de verão seco, a freguesia de Santa Eulália, concelho de Elvas, no Alentejo. Já na linha limite de saída, encontravam-se várias pessoas pela estrada, esfuziantes, com telemóveis e máquinas fotográficas (algumas delas) a disparar, junto a um acampamento de famílias nómadas de ciganos, com os seus animais e tendas desmontáveis. Mais de perto, encontravam-se as crianças e as mulheres, com a pele queimada pelo sol, a dispersão de utensílios - tachos, panelas, canecos, pratos num alguidar -, roupas estendidas sobre as carroças, e homens a fixar ferradura nas patas dos cavalos. As mães entregavam os filhos para a lente fotográfica, cujos olhares se carregavam de timidez. É neste espaço de intersubjetividade que a fotografia, como papel mediador no diálogo temporal na permanência resistente dos rostos que nos espelham vulnerabilidades, surge como possibilidade de interrogação da indiferença e menorização que legitima posicionamentos e discriminações, e a perseguição étnica multissecular deste povo. Surge como necessário, o questionamento do prisma único do nomadismo que reifica representações, e cristaliza a desvisibilidade dos ciganos. Aprofundarmos, reinterpretarmos a historicidade que situa a homogeneidade da população cigana, é ter uma demanda na exigência de responsabilização dos poderes políticos, na dignidade, combater a precariedade habitacional, o nomadismo por vezes forçado, que colocam a discriminação, a pobreza e o estigma de uma comunidade dificilmente integrável. A exposição ‘’Vulnerabilidades’’, coloca o enfoque na (in)visibilidade dos direitos das crianças e jovens ciganos. .. Liliana Gonçalves
