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Do Acontecimento - Silvestre Pestana
© Carlos Lança

Do Acontecimento - Silvestre Pestana

Numa época do cálculo, da regra e da prevenção surge, repentinamente, o inesperado, algo que interrompe o curso das coisas e ameaça o discorrer da vida. Numa espécie de paradoxo, quanto mais se antecipa o acidente mais este, ao surgir, se apresenta como catastrófico e intratável. Entende-se que, neste contexto, a ideia de Acontecimento, contingente e imprevisível, se tenha vindo a impor para dar conta de forças que excedem as formas históricas, venham elas da natureza, como uma catástrofe, ou do interior da história que fazemos, disseminadas como um incêndio ou uma epidemia. Existe um certo pânico perante esse excesso de força e a debilidade das formas, ainda que boa parte da cultura humana se tenha baseado na espera por um acontecimento decisivo, uma revolução, através da qual a paz ou a justiça possam vencer definitivamente. Disso, uns são testemunhas, outros anunciam, outros, cansados de esperar, perdem toda a esperança. Mas é apenas pela arte, pelo pensamento e pela técnica que se responde ao Acontecimento e se cria o labirinto onde, como com o antigo Minotauro, podemos estar próximos dele e da sua potência, sem a ilusão de o anular ou controlar.

SILVESTRE PESTANA (1949), natural do Funchal, é licenciado em Artes Gráficas e Design pela ESBAP e mestre em Ensino de Arte e Design pela De Montford University. Foi professor da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Coimbra. Estudou Televisão e Música Electrónica na Universidade de Estocolmo. A sua obra impõe-se pela radicalidade das intervenções que, desde o primeiro momento, se apoiam num intencional hibridismo resultante do jogo e permutação entre signos linguísticos e signos não linguísticos. A contaminação que, nos anos 60 e 70, deriva da utilização de material gráfico diverso passará a encontrar, nos anos 80, um apoio na utilização do vídeo e dos meios informáticos. A este nível, pode dizer-se que a sua poesia para computador abriu novos rumos à poesia experimental. Misturando frequentemente, e de um modo intencional, questões relacionadas com a materialidade e a mediação, na sua obra os procedimentos baseados em sistemas digitais aparecem misturados com a representação de carácter analógico. Os seus trabalhos recentes, no âmbito da performance, em espaços reais ou virtuais como o Second Life, são fundamentais para aferir o modo como as práticas experimentalistas interferem com as práticas sociais com que se articulam.


Fonte: http://www.teatromunicipaldoporto.pt/pt/programa/do-acontecimento-silvestre-pestana/
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