Módulo conclui o ano de 2020 com uma nova exposição de Ana Mata. Sobre o trabalho que escreveu a pintora: Pintura, de Ana Mata, reúne vinte pinturas realizadas entre 2018 e 2020. São pinturas de formatos, materiais e escalas diversas que vão de pequenas intervenções sobre seixos ovais, a papel, pintura sobre alumínio ou telas de grandes formatos. Recusando uma ideia de série, destaca-se a unicidade de cada peça e a história particular que parece conter cada imagem. Da relação estreita da pintura com a prática fotográfica são compostas as imagens, que não visam copiar ou ilustrar, mas destacar a beleza e o mistério de acontecimentos suspensos. Da publicação A pintura é o visível das histórias desconhecidas, que acompanha a exposição reunindo notas de atelier, extraem-se as seguintes palavras: “(... ) há coisas que se podem escrever: posso dizer que a pintura é um corpo. E que é importante não esquecer que temos um corpo que existe entre corpos. Talvez a pintura seja sedutora na medida em que é um objecto com uma densidade, um volume com volumes de tinta, uma história silenciosa das matérias - para além de uma imagem. É um objecto manufaturado, feito em cuidado.” (p. 17-18) “Compus um certo ambiente de imagens. Cada imagem, um evento e um segredo íntimo. Todas as pinturas, uma história e um desejo. Todos os desejos, aspiração e esperança. Há a narrativa condensada (a que gerou a imagem fotográfica) e a condensação do tempo que tomou a elaboração da pintura, a narrativa do fazer. Também ela é uma história. A pintura que é nascida do desejo de que aconteça o desejado é a pintura-chama. Por isso, desta vez, não quis fazer uma série. Pareceu-me importante que cada pintura fosse um estímulo diferente, procurando sentir que a visão acontece em cada momento.” (p. 19-20) A pintura é o visível das histórias desconhecidas. Lisboa: Chama | Ficção, 2020.
