Inauguração da Exposição "Moderno Escondido" de Katie Lagast e Henrique Neves.
A exposição parte das experiências e memórias dos artistas sobre casas que habitaram: Katie. Lagast debruça-se sobre a vivenda que o seu pai o arquiteto Arthur Lagast construiu em Wilrijk, Antuérpia (B) em 1967 e onde viveu grande parte da sua vida. H Neves revisita a casa em banda de Barrocal do Douro, o jardim e a paisagem envolvente. Ambos os lugares têm em comum um vocabulário modernista engajado e refinado. Contudo o mote do trabalho não são a arquitetura, os tijolos e a madeira à vista, os pilotis , as linhas retas e os espaços amplos envidraçados, mas sim a sua ressonância sensorial e emocional. Nos ecos dos espaços faz parte a noção que muitas das memórias são em segunda mão, episódios contados, paisagens vistas em fotos de família, imagens de livros. H. Neves revisita uma tarde da sua infância quando, através da janela, vê o seu irmão a brincar na neve, enquanto ele recuperava de uma gripe em casa. Mas revisita também o calor abrasador do verão, as rochas escuras que brotam do chão e a terra queimada do sol. A criação de marcas, o desenho improvisado e paisagens formam o núcleo das respostas a essas memórias e sensações. O trabalho de Katie Lagast toma como ponto de partida fotos que tirou da sua casa , sem habitantes, como se fossem imagens para uma revista. As imagens são parcialmente apagadas, ou tapadas, deixando apenas algumas partes em aberto que nos permitem espreitar e ver o esplendor dos materiais e o refinamento formal e funcional. As peças apresentadas incorporam a história de uma arquitetura e de um período histórico específico, estudados e amplamente criticados. Contudo aqui essa história e tempo têm um eco pessoal profundo.
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