Sexta 30 de Agosto || 23h às 4h || Entrada livre A chegar à sua primeira década de actividade imparável, Discrepant, editora formada por Gonçalo F Cardoso apresenta-se nas Damas com um line up revelador dos caminhos desbravados ao longo deste tempo, e para o futuro. Fundada com o objectivo de "desconstruir, distorcer e "re-montar" o folclore da música (não)popular" tem vindo a deixar legada uma obra fundamental através de edições de gente como People Like Us, Mike Cooper, King Gong ou Pierre Bastien - poucos de um catálogo imponente. Bravura e visão, a iluminar e redefinir continuamente a(s) história(s) mais insondáveis deste possível mundo. Gonzo Português com vida em trânsito entre Londres, as Canárias e o resto do mundo - é passar no Instagram da Discrepant para conferir - Gonçalo F Cardoso tem em Gonzo o seu alias mais persistente - a juntar à obra em nome próprio ou como Visions Congo por exemplo. Desse movimento perpétuo recolhe os sons, as vibrações e as histórias mais puras e obscuras dos locais por onde passa e daqueles projectados na memória colectiva para daí reordenar essas coordenadas reais e imaginárias num agora : gravações de campo, naturais e processadas, pedaços de electrónica imersiva, o som enquanto espectro/memória. Nesta noite celebra-se o lançamento de 'Ruído(s)' e enterra-se a entidade Gonzo sem grande pompa mas com toda a naturalidade das coisas finitas. Em jeito de despedida não planeada, mas mesmo assim simbólica, 'Ruído(s)' regressa a casa - i.e. Portugal - para daí erigir peças onde passado, presente e futuro se encontram num mesmo plano. Gonzo está morto! Viva Gonzo! Ross Alexander Outro viajante com casa na Discrepant. Após o lançamento de 'Memória Vol. 1 - Bugandan Secret Places' pela subsidiária Sucata Tapes dá-se continuidade a esse primeiro tomo com 'Memórias Vo. 2 - High Atlas on the Sahara Desert' em LP na casa mãe. Das recolhas no epicentro sagrado do Reino da Buganda, em conluio com músicos locais e toda a reverência certa para com os rituais locais no primeiro volume, Alexander segue agora para Norte, a escalar as montanhas do Alto Atlas em direcção ao Deserto do Saara. Pelo caminho a vivência com músicos (igualmente) nómadas deu em gravações que se fizeram temas de um ambientalismo demasiado tumultuoso para cair na xaropada ou conformismo papel de parede mas com toda a envolvência sinestésica da liturgia drone/ambient/industrial. O Morto Fachada para as investidas do multifacetado Mestre André - Notwan, Alacrau e membro de Alförjs, Jibóia ou Banha da Cobra, além de apicultor - nos campos do sound design mais hipnótico e valente. Há uns anos lançou na Discrepant o muito respeitável 'The Forest, the People and the Spirits', álbum de título bem certeiro dedicado ao povo Ba'Aka numa conjura de espíritos em três temas de harmonia espectral e hipnose feitos a partir de gravações de campo, samples e processamento sonoro bem detalhado. Composição atenciosa. De então, poucas são as suas aparições ao vivo, e já era altura de um novo registo, mas esta noite nas Damas colmata essa ausência de forma mais do que digna. Ondness Com lançamento de novo álbum pela subsidiária Souk - divisão Discrepant dedicada a batidas - lá para Novembro, e tendo já lançado split com Serpente - que é também a mesma pessoa aka Bruno Silva - na Sucata Tapes no ano passado, Ondness toma conta da pista até ao fechar de portas. Sucedâneos comunais de ukg, pausa dancehall, percussões com os trópicos em fundo.