A CASA DE BERNARDA ALBA a partir do texto de Federico Garcia Lorca uma criação Companhia João Garcia Miguel 12 a 15 de DEZEMBRO 19 a 22 de DEZEMBRO 21:30 60 minutos M/16 Bilhete Normal 10€ Bilhete Desconto 5€ (estudantes, profissionais do espectáculo, maiores de 65 anos, reformados e desempregados) Sinto a poesia, a vida, o olhar e a missão artística de Federico Garcia Lorca como uma conexão profunda com a terra e o corpo. Esses são como parceiros e cúmplices de sempre, antigos. A ligação com a escrita e o universo de Lorca é um entendimento do cosmos, uma herança perdida e reencontrada que se funda na lama em que se mergulha, procurando a sementes de flores. E música. A escolha de A Casa de Bernarda Alba é um apelo contra o isolamento que aumenta no mundo. É por isso um libelo, um resistir. Regressam as “Bernardas Albas” crescendo à luz cruel dos nossos dias, como monstros que despedaçam vidas. As “Bernardas Albas” fecham as casas, que é como quem diz, as nossas instituições e são a cada dia mais coercivas. As oportunidades não iguais para todos. Propagam discursos onde subentendem mecanismos de repressão e censura como se defendessem liberdades. Fazem-nos confusos. A diminuição da liberdade do indivíduo é uma actividade diária, uma sucessão de acontecimentos que não se conseguem repudiar e que nos acometem e acantonam em “existências prisão”. O medo. A ameaça da “morte do pai” – aquele que nos pode salvar e conduzir a um futuro melhor e brilhante é constantemente invocado. Fazem-nos órfãos do futuro e do passado. A exacerbação do presente ameaçador e perigosos é uma força que asfixia e atrofia os músculos do entusiasmo e da vontade de viver. Por oposição natural, a força da terra e da Deusa Mãe reacende-se e ressurge de modo confuso e paradoxal. O medo do corpo que se infantiliza e recusa morrer, procurando fixar-se num perpétuo presente imutável, amplia a percepção dos cinco sentidos. Na peça, é a morte do pai que precipita a clausura e opressão das mulheres. No mundo, é a separação do passado e a desagregação do presente que levanta sentimentos de desprotecção e autoriza a escalada da opressão. Ao futuro só chegaremos se formos obedientes e cumprirmos todas as regras. As que existem e as que ainda serão criadas. As irradiações de poderes autoritários disfarçados de democracia, exercem crescente influência limitadora da liberdade individual. O gigantismo das grandes instituições e estruturas sociais adaptadas a uma globalização invasiva, desenvolvem formas de despotismo aberto, sem pudor nem freio que as contenham. É o poder das novas ditaduras sociais que em nome da segurança, impõem ao cidadão global regras de conduta e de transparência que condenam a intimidade e a privacidade — como Bernarda Alba o exerceu em sua casa. Essas novas formas de poder surgem associadas às ordens e regras que as instituições sociais nos vão suave e gentilmente agrilhoando. O corpo e a terra precisam de falar. Demos-lhe a voz que Lorca nos deixou. Quanto à metodologia de trabalho esta segue um processo de reescrita do texto a partir de um processo performativo de experimentação e pesquisa com os actores. O texto de Federico Garcia Lorca é um pretexto para a criação sendo a autoria do texto final de João Garcia Miguel. Ficha Técnica e Artística Texto Original Federico García Lorca Direcção, Espaço Cénico e Texto João Garcia Miguel Elenco Sean O’Callaghan, Annette Naiman, Paula Liberati e Duarte Melo Figurinos Rute Osório de Castro Assistência à Encenação Rita Costa e Eurico D’Orca Direcção de Produção em Portugal Georgina Pires Direcção Técnica Roger Madureira Consultoria de Imagem e Comunicação em Portugal Alcina Monteiro Apoio Técnico AUDEX Coprodutores Companhia João Garcia Miguel | Teatro Ibérico DGARTES | Governo de Portugal | Teatro-Cine de Torres Vedras, CMTVd | Teatro Aveirense, CMA| Junta de Freguesia do Beato | IEFP Apoios Teatro da Garagem, São Paulo, IFICT, CML Parceiros TAGV — Teatro Académico Gil Vicente, Coimbra, Teatro Eduardo Brazão, Bombarral, Cine Teatro Castelo Branco, Festival Y, Teatro Virgínia, Torres Novas, Teatro das Figuras, Faro RESERVAS bilheteira@teatroiberico.org Tlm: +351 927 510 092 Tlf: +351 218 682 531