Em parceria com a MDV - Modusdever associação cultural, a Boavista House receberá, entre 3 e 31 de Março a exposição de fotografia "Capulanas", da autoria do fotografo, professor, intelectual e viajante, Luis de Almeida. Capulanas é a designação para um tecido colorido que gera encanto e curiosidade por onde passa e tem suas origens há alguns séculos no continente asiático e chega à África por intermédio das trocas comerciais que pouco a pouco aportam à costa do Índico, concretamente em Moçambique. De princípio, a capulana surge como moeda de troca entre os povos e apenas os monarcas a usavam, como símbolo de representação de poder. No império Mwenemutapa (XV e XVIII), por exemplo, só o Mambo (rei) e as suas principais três esposas é que usavam este tecido como símbolo de ostentação e representação da tradição. Portanto, na sua génese, a capulana não emerge como uma questão de pura moda, pelo contrário: surge como um instrumento de legitimação do poder. A capulana é usada nos países africanos de diferentes maneiras. Em Moçambique por exemplo, as mulheres usam-na no seu dia-a-dia e principalmente em cerimónias tradicionais como funerais, casamentos, ritos de iniciação, cerimónias mágico-religiosas, etc. Também chamada de “kitenge” ou “chitengue” na Zâmbia, Namíbia e “canga” no Brasil, o seu uso vai muito além da moda: o tecido é usado pelas mulheres para carregar os seus filhos nas costas, para carregar trouxas, para inúmeras funções, como toalha, cortina, pano de mesa, etc. Quem pensa que é só um pedaço de tecido engana-se: o carinho e cuidado com que as mulheres tratam este tecido é distinto. Chega a ser uma peça de afirmação de identidade, pois mesmo originário de outro continente este tecido foi sendo aculturado pelas mulheres africanas e passou a ser parte da sua cultura. A capulana, carregada de valor histórico, tem merecido a atenção de investigadores e escritores que já produzem teses e obras literárias falando acerca deste tecido, que passa a ser um “embaixador cultural”. Biografia de artista: Luis de Almeida é fotografo, professor, intelectual, ilustrador, fundador e fotógrafo responsável do departamento de fotografia do Grupo Porto Editora, estúdio e arquivo fotográfico, com cerca de 500 000 imagens captadas em dezenas de países por quatrocontinentes, de 1985 a 2013, que continuam a ser publicadas nas obras deste Grupo Editorial. Voluntário da AFIM- Associação de Ajuda Fraterna à Ilha de Moçambique, Mafra, desde 2005, na formação de professores e na intervenção ao nível da pedagogia e da didáctica pelo ensino através da fotografia. Elemento activo da Bolsa de Voluntários do Projecto Mais Valia da Gulbenkian para o apoio do sistema de ensino artístico nos PALOP”s. Autor de manuais escolares para o ensino artístico, (desenho, pintura, fotografia, etc.), em Portugal,Porto Editora e Moçambique e Timor, Plural Editores. A exposição pode ser visitada diariamente entre as 12:00h e as 23:00h.
