17:30 até às 19:00
Percurso com Moradores - TRAÇA

Percurso com Moradores - TRAÇA

Grátis
Ponto de Encontro a partir das 15:00 no Centro Comunitário da Madragoa. 
Participação gratuita.
Início do percurso: 17:30, pelos seguintes locais:

1) REGIMENTO DE SAPADORES DE BOMBEIROS
O facto de ser uma profissão de ação e de terem diariamente de lidar com o risco, faz com que eles tenham de ser um conjunto de homens muito jovens – a juventude está sempre presente. Ali há sempre vida!
O regimento é uma instituição muito antiga – os bombeiros existem na CML desde 1395, mas na verdade a função que têm
é tão importante que têm conseguido sobreviver, porque precisa constantemente de injeção de sangue novo. Relativamente à relação dos bombeiros com o bairro, ela é absolutamente visceral; não somente pela questão das marchas (que antigamente ensaiavam nos bombeiros), mas porque apesar de ser um espaço velado é um espaço ao serviço da cidade. Por outro lado, a população sabe que tem ali um porto de abrigo e isso é muito importante. Antigamente os bombeiros eram obrigados a comer no seu refeitório mas hoje não, e gostam de ir almoçar fora e conhecer as redondezas e com isso criam-se outras relações.
É um espaço fechado mas é um espaço aberto também à comunidade.
[Mónica Almeida, DPC/CML (foi dirigente do RSB durante 25 anos)]


2) COSSOUL (Cossoul)
Fundada a 7 de Setembro de 1887 por 47 músicos amadores,
em homenagem a Guilherme Cossoul (1828-1880), a Cossoul promoveu desde cedo a actividade musical e teatral, bem como o “recreio” e a “instrução” dos seus associados. Sediada no n.o 61 da Avenida D. Carlos I desde, pelo menos, a década de 1940, a Cossoul desenvolveu nos seguintes 30 anos uma notável atividade artística, da qual se destacam a formação e a atividade teatral de diversos atores e encenadores nacionais, reconhecida na designação popular coeva “Conservatório da Esperança”. Nos últimos 40 anos, a Cossoul tem vindo a consolidar e a alargar o seu raio de ação a vários domínios artísticos, fomentando a publicação literária, a realização de eventos de artes visuais e cinema, a formação e a atividade nas áreas do teatro e da música. Atualmente, a Cossoul conta com uma livraria e um bar, servindo como espaço de exibição e encontro de diversos projetos artísticos.
[Rui Magno Pinto, membro da direção e maestro da Banda Juvenil Guilherme Cossoul]


3) CENTRO COMUNITÁRIO DA MADRAGOA
O CCM sempre foi da Junta, na altura Junta de Freguesia de Santos-O-Velho. Os bailes eram organizados pela Junta e vinha muita gente. Todas as minhas primas e tias-avós nos levavam dizendo que íamos para os bailes mas iam para o jardim da Estrela ou para o Jardim do Salazar [hoje Jardim das Francesinhas] namorar, e nós, as crianças ficávamos aqui à porta. Na hora de saída pegavam em nós e subíamos a Rua das Trinas e nós tínhamos de dizer que tínhamos estado com elas.
[Florinda, moradora e funcionária da Junta de Freguesia da Estrela]


4) ESPERANÇA ATLÉTICO CLUBE (Esperança Atlético Clube)
Não, isto já não acontecia há mais de 20 anos [a Festa das Colectividades, Cultura e Recreio em 1996]. Então houve uma ideia apresentada pelo Vereador, pelo Vítor Costa, e ficou depois aprovado que se iria fazer a Festa das Colectividades, Cultura
e Recreio. A Junta de Freguesia [de Santos-O-Velho] com a Fernanda Costa, achou que o Esperança era quem tinha mais vida e pronto, foi a partir do Esperança que abordámos todas as coletividades da zona.
[Acácio de Carvalho, antigo presidente do clube]


5) MUSEU DA MARIONETA (Museu da Marioneta)
O uso geral deste grande conjunto era já nesta data [1893] essencialmente habitacional, com a ocupação de inúmeras famílias em condições degradadas e alojamentos precários de reduzidas dimensões, que chegaram a ser perto de uma centena. (...) O impacto da anterior secularização das casas religiosas como o Convento das Bernardas, deu também origem a novas dinâmicas e a novos usos um pouco por toda a cidade, tendo sido sensível na área da Madragoa a animação criada pela abertura do Cine-Esperança [1924], originalmente um espaço de clausura, naturalmente fechado à vida urbana da envolvente.
[José Silva Carvalho, Do Teatro das Trinas ao Cine-Esperança]


5) INSTITUTO HIDROGRÁFICO (Instituto Hidrográfico)
...antes de ser Arquivo de Identificação viviam lá pessoas. Havia uma senhora inglesa, pequenina, e como havia muitas ratazanas na altura – como agora há baratas, enormes (...) – quando ela passava toda jeitosa com um chapéu, e tal, nós dizíamos-lhe: ‘Olha um rato!’ e ela coitadinha, começava a correr, e lá íamos nós a correr também. E o Convento era o convento mas depois para baixo era uma horta, uma quinta onde a gente, quando descascava batatas e arranjava hortaliça, guardava aquilo tudo e dava ao senhor José que tinha criação, galinhas. (...) E tudo o que nos sobejava – nada se deitava fora, nem cascas de batata – ele levava para a sua criação da quinta, que ia até à rua São João da Mata. E a minha mãe ia lá e comprava ovos, galinhas, coelhos, tudo. (...) [Í]amos muitas vezes ao convento (...).
[Dona Lucília, 94 anos de idade nasceu e sempre viveu no bairro]


 6) VENDEDORES DE JORNAIS FUTEBOL CLUBE (Vendedores de Jornais Futebol Clube)
...ali eram os balneários que agora já não existem e onde as pessoas do bairro que não tinham casa de banho vinham tomar banho; para os que não tinham dinheiro era de borla e os outros pagavam um preço muito barato. As pessoas aprendiam boxe e
outras modalidades. Houve um indivíduo do bairro que chegou a ser pré-olímpico; foi selecionado para os Jogos Olímpicos como amador – havia 4 profissionais e 4 amadores. Outros praticavam andebol.... Depois passou a ser complicado porque é preciso
ser federado e isso implica custos. Já manter uma casa destas
é muito duro. Ainda funciona como associação e alugamos este espaço. Existimos desde 1921, mas aqui neste espaço só desde os anos 60. Os vendedores de jornais dormiam aqui.
[Eduardo Fidalgo, responsável pela associação]

...e lá em cima, na Rua das Trinas, os Vendedores de Jornais também tinham danças de salão, convívios, e nós, os miúdos fazíamos lá apresentações de espetáculos. Festas de Natal, festas de Carnaval, festas na Páscoa. É uma pena que hoje em dia já não haja... Havia pessoas de todas as idades.
[Florinda, moradora e funcionária da Junta de Freguesia da Estrela]


7) TORREFACÇÃO FLOR DA SELVA
...o meu pai com um colega de escola resolveu criar uma empresa que ficou com a concessão de todos os bares das salas de espetáculos de Lisboa – cinemas, teatros, tudo. E depois
de fazerem a instalação de máquinas de café em todos esses bares, começou-se a oferecer café puro - nessa altura era café puro - nos intervalos dos espetáculos. Era um ritual, as pessoas tinham aquele intervalo curtinho e iam ao bar tomar um cafezinho. Nessa altura era um café de saco; ainda não havia um consumo que justificasse o investimento nas máquinas expresso, que eram bastante caras. Somente dois ou três cafés da Baixa é que tinham inicialmente esses equipamentos.
...Na altura da independência, geraram-se lá aqueles conflitos dentro das diversas fações que tentavam assumir o poder e, nessa altura, os portugueses deixaram lá muito café, os armazéns cheios de café. Eu penso que deve ter havido algumas sessões de tiroteio nesses armazéns e os sacos serviram talvez de trincheiras, e então apareceu-nos aqui uma remessa que veio lá de Angola cheia de balas misturadas com o café.
[Jorge Monteiro, gerente e filho do fundador]


8) PALÁCIO DO MACHADINHO
Comecei a aperceber-me que muitas pessoas do bairro tinham feito aqui a escola e que ainda estavam vivas. Quando falavam do palácio referiam que tinham feito o exame da quarta classe. Lembram-se inclusive da sopa de abóbora que aqui serviam
às crianças com mais dificuldades. (...) Quando fizemos a reconstituição da sala de aula, essas pessoas é que foram conduzindo a visita até à sala, por momentos com alguma confusão quanto ao piso. A escola era no segundo que é onde hoje está a GAU [Galeria de Arte Urbana], enquanto no primeiro morava gente, inclusive a professora, no lado esquerdo do palácio. Dá-me a sensação que a maior parte das vezes terá havido uma única turma para os anos todos. Falam da sala onde apanhavam as vacinas, onde comiam a sopa e onde chegaram
a ter ginástica, a sala que é hoje o salão nobre. A memória das pessoas mais velhas do bairro remete sempre este espaço para a escola, sendo que por vezes também falam de como aqui funcionou o Serviço de Abastecimentos e Mercados.
[Sofia Tempero, Departamento do Património Cultural/CML]


9) LAVADOURO DAS FRANCESINHAS
....à segunda-feira é roupa branca, depois lá para terça
e quarta de manhã é roupa escura e a partir do meio-dia de quarta-feira até sexta-feira é carpetes. À sexta-feira esvazia- -se o tanque e ao sábado vem um senhor lavar o tanque e enchê-lo.
[Fernanda Fernandes, responsável pelo funcionamento do Lavadouro]
...quando era pequena, acompanhava a minha avó que era varina, e ia descalça vender peixe com ela porque a minha mãe estava
a trabalhar. Depois de vender o peixe íamos para o lavadouro
e enquanto a minha avó lavava a roupa eu e as outras crianças brincávamos nos tanques com água.
[Florinda, moradora e funcionária da Junta de Freguesia da Estrela]

A TRAÇA - Mostra de Filmes de Arquivos Familiares é organizada e programada pela Videoteca Lisboa - Arquivo Municipal de Lisboa e decorre de 13 a 15 de outubro, em vários espaços do Bairro da Madragoa. Apresenta, nesta segunda edição, projeções de filmes de família, performances em parceria com o alkantara [lisboa], conversas, encontros e percursos com moradores.

Programa completo e mais informações:
TRAÇA . Madragoa
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/pt/eventos/traca-madragoa
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/pt/gca/index.php?id=954
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
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