Apresentação | “Horizonte”, de Hugo David

APRESENTAÇÃO de projeto autoral 
“Horizonte”, de Hugo David
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Horizonte é um projecto fotográfico que explora uma ideia de diário e viagem interior. Não é um diário de viagem no sentido de relatar os acontecimentos entre o ponto A e B, mas sim, um percurso pessoal, desconhecido, no qual certos momentos são fotografados. A ideia de diário está muito ligada à intimidade, aquilo que é pessoal e que partilhamos connosco próprios. Isto está presente nas imagens como motivação para fotografar, esta relação de intimidade pode ser criada de diversas formas, com alguém em particular, alguém que se ama, um objecto inanimado, com um desconhecido, ou simplesmente com a luz do momento. A luz e a forma como esta interage com a matéria é um dos maiores estímulos por detrás de cada imagem, o fascínio que tenho pela luz. A selecção das fotografias é muito aberta em termos de conteúdo, não se trata de uma tipologia ou de algo que se vá directamente à procura, mas sim uma colecção de momentos algures no percurso de que falo e fotografo. A relação da ideia de intimidade com as fotografias de Horizonte não é imutável, ao longo deste percurso pessoal existem momentos de contemplação, e também de partilha entre mim e o que está no meu enquadramento. A forma como fotografo e olho para o que me rodeia, é acompanhada por um certo distanciamento, como alguém que está de fora a ver o que se passa, um voyeur, reflectindo-se nas fotografias. O título, Horizonte, representa para mim, um espaço indefinido mas sempre presente, o horizonte do mar é igual em qualquer parte do mundo, é uma linha contínua inalcançável, sem fim. As fotografias foram feitas em países, cidades e espaços diferentes. Esta diferença é aceite e abordada numa tentativa de se transformar em uniformidade. O projecto procura abstrair e distanciar-se da abordagem documental. O espaço físico e geográfico não é determinante, mas sim uma incógnita, que pretende dar lugar à possibilidade de tudo ser o mesmo espaço. Dentro da selecção há fotografias de Lisboa, Porto, Gaia, Sintra, Serra da Arrábida, Guimarães, Góis, Barroselas, Estrada Nacional nº1, Manhattan, Coney Island, Brooklyn. Todo o processo é analógico, desde a captação das fotografias à ampliação. A escolha do preto e branco prende-se com uma necessidade de abstracção da cor, tanto para criar uma dimensão que não a real, (visto que vemos o mundo a cores), como para representar o fascínio pela luz de uma forma mais directa em que não existe distracção da cor. As imagens têm uma estética de contraste duro para valorizar a força da luz em cada momento, assim como a sua ausência, proveniente das sensibilidades (ISO) escolhidas para fotografar, e do trabalho na câmera escura. Horizonte é um projecto fotográfico que não está fechado. Estas fotografias foram realizadas entre 2015 e 2016. A representação em livro tem a mesma dimensão do que as ampliações em papel FB, um para um.