Espetáculo de André Barros & Beatriz Costa Há lugares onde o tempo estagna, onde os dias se repetem até perderem o nome, e o pensamento se torna o único companheiro. É nesse território suspenso entre a memória e o delírio que um homem nos guia pelos fragmentos da sua existência. Entre reflexões sobre identidade, memórias e a monotonia de uma rotina que se confunde com o vazio, questiona o tempo, os papéis que desempenhou na vida, os monstros invisíveis que o mantém fechado entre quatro paredes e tudo aquilo que, sem perceber, deixou de ser. Numa narrativa fragmentada e poética, que cruza o monólogo interior com momentos coreográficos e simbólicos, Fragmentos do Vazio é um retrato íntimo da condição humana no limiar da rutura. Reflete sobre saúde mental, medo, solidão e a necessidade urgente de reconexão com o outro e consigo mesmo. Um mergulho sensível e inquietante nas sombras do quotidiano. Entre livros que nunca leu, sonhos por cumprir e um mundo externo cada vez mais cinzento e uniforme, o personagem procura um rumo — numa tentativa de compreender quem é, quem já foi, e se ainda há caminho para quem quer voltar a sentir. O tempo escorre-lhe pelos dedos, como os dias que já não distingue, como os rostos que já não reconhece. Em cena, um corpo sozinho expõe a fragilidade da mente, os labirintos da identidade e a urgência de respirar — de novo, por dentro e por fora. Entre o confronto com os próprios fantasmas e o desejo de libertação, Fragmentos do Vazio conduz-nos por uma jornada de autodescoberta, onde o humor ácido, a nostalgia e a lucidez se entrelaçam numa desesperada busca por sentido. Uma viagem crua, absurda e por vezes lírica, onde a dor, a beleza e o silêncio coexistem. Um grito contido que, no fundo, só quer ser escutado.