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Este será um momento de partilha a solo, resultante de um período de pesquisa autoral que o baterista e compositor Pedro Melo Alves se encontrou a desenvolver na Casa Cheia. Através de um discurso de percussão, eletrónica e piano, o músico vai debruçar-se sobre um rol de inquietações que estarão patentes nos seus novos projetos:
“Quais são os códigos, as urgências e as linguagens universais de hoje? De que forma a preservação de um espaço sagrado de pesquisa sonora se pode constituir como último reduto do cuidado, da paixão e da promessa de humanidade? Como pode a criação em tempo real tornar-se um manifesto profundo e multidimensional de significação, possibilidade, propósito e ética? De quantas maneiras nos podemos reinventar ao expor-nos aos limites extremos da compreensão e da perceção? Qual a matéria comum que une a alta cultura abstrata e a necessidade do rasgo experimental aos circuitos viscerais da expressão popular? Como sonhar futuros a partir desta sensação coletiva de desilusão, apatia e fragmentação moral? Qual o lugar do espaço, do belo e do silêncio na atual trama de overload sensorial, saturação de data e omnipresença digital? Como encontrar sentido e integridade na era da hiper-realidade, onde coexistem todas as versões da realidade e as suas simulações, não binárias, não dialéticas? Como parar de tentar conter o que não pode ser contido?
Em plena desconstrução dos cânones monodirecionais da verdade, essa vontade de ordem que sempre nos fez ver o Fim dos Tempos no horizonte, interessa-me abraçar o abismo. Interessa-me exatamente esse ponto liminar onde se perde o controlo e a escala humana, a capacidade de nomear e traduzir, e onde talvez nos encontremos todos num só macro-ser."
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