Eles não se conhecem. Ele decidiu empreender a viagem que o pai fez nos anos 70 quando emigrou para França. O carro é outro, as estradas são outras, mas as árvores são as mesmas. Ele sabe que tem de fazer a viagem sozinho. Ele fala francês. Ela fala
árabe. Ele ouve a voz dela na rádio. Reconhece-se na voz dela, nas hesitações dela, nos silêncios dela, nos sonhos dela. Reconhece a língua do exílio, do desenraizamento, da fragmentação. A língua que os une: o português.
Fonte: https://www.tmg.com.pt/comprarBilhete?sid=a07Qs000019tm3EIAQ