MUHNAC - Museu Nacional de História Natural e da Ciência
Rua da Escola Politécnica, 54-60 - Lisboa Ver website
Que histórias conta o seu corpo? Que traços visíveis e invisíveis carrega na pele? Na exposição Histórias lindas de morrer, patente a partir de 2 de outubro no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, a artista Sofia Saleme explora cicatrizes que habitam corpos: as fragilidades e resistências, dores e as resiliências que marcam os nossos organismos e trajetórias. Com curadoria de Sofia Marçal, a exposição, composta por 10 painéis de grandes dimensões, foi criada especialmente para esta exposição, em diálogo com a história do espaço: na primeira metade do século XX, a Sala Branca Edmée Marques acolheu o laboratório de Anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Obras como "Céu Estrelado", um mapeamento de pintas; "Pústula ouro", inspirada na amigdalite; "Acidente Amoroso", sobre uma queimadura; e "Compulsão Prazerosa", que aborda a gordura, compõem o seu inventário íntimo. Os trabalhos recorrem a pigmentos naturais preparados manualmente, como o gofun, uma tinta branca tradicional japonesa feita a partir de conchas de ostra moídas. Material central da sua prática, a folha de ouro é aplicada com técnica japonesa tradicional (técnicas nipônicas que a artista aprendeu no país) sobre zonas incómodas ou até escatológicas - pus, excrementos, tumores - transformando a matéria rejeitada numa cicatriz preciosa, conferindo beleza ao que normalmente é ignorado e propondo uma reflexão sobre a aceitação, tanto íntima como coletiva. Esta é a segunda exposição individual da artista brasileira em Portugal. Em 2024, foi uma das artistas selecionadas para a XXIII Bienal Internacional de Arte de Cerveira, onde a sua obra Fala foi adquirida pela Fundação Bienal de Cerveira. A exposição Pequenas Mortes, patente entre março e abril de 2025 no Nowhere, em Lisboa - com curadoria de Cristiana Tejo -, evidenciou fios de cabelo em desenhos e cerâmicas partidas, como símbolo da passagem do tempo e da regeneração do corpo. Em 2023, participou na residência Duplex Air, onde apresentou uma instalação de azulejos portugueses intercalados com azulejos feitos com cabelo. Unindo a sua pesquisa à cultura portuguesa, ativou a obra com uma performance de cantores de fado que, tal como ela, entoaram versos sobre morte, luto e dor.
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