> Centro de Artes de Sines (NOVO LOCAL) | 15h00 | Entrada livre
“Este será o primeiro livro palestiniano da poesia portuguesa. Ou vice-versa? Shahd Wadi fez de Portugal a sua morada — até que ir para casa seja possível. Enquanto a Palestina estiver ocupada, o mundo é a Palestina.”
Alexandra Lucas Coelho
"Rasgam as entranhas do meu corpo palestiniano frases e palavras em português, um idioma que ainda vou aprendendo. Resisto com toda a força, só algumas conseguem escapar. Aperto os lábios diante da impossibilidade de falar do meu corpo que não é, do seu lugar que é nunca. Não digo a nenhuma alma que não distingo o «cá» do «lá». Nem que as línguas e os desejos acontecem em mim em simultâneo. Não consigo, não consigo, não consigo soletrar o nome árabe de quem morreu ontem em Gaza, nem no dia seguinte. Fecho a boca perante o caminho da história da minha família que foi expulsa da sua terra após a catástrofe palestiniana Nakba, em 1948. (…)
Hoje trago comigo este livro porque o meu corpo desiste e está finalmente poema.
A bandeira, a dança, a buganvília e o anjo juntam-se para desentupir a caneta de todas as minhas línguas falhadas, obscenas e belas. Sem consentimento, o meu fogo e as minhas papoilas soltam-se e eu liberto os meus rabiscos para que o «erro» se torne um verso, o povo um pássaro, o exílio um regresso e eu uma fronteira. Escrevo um poema, um livro de poemas, para que haja Chuva de Jasmim."
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