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A convite da Casa Cheia, decidi a apresentar-me a solo, pela primeira vez. Adjacente ao convite da residência existiu também a proposta de pensar o paralelismo entre a aceleração da matéria e nós próprios como sociedade, assumindo em ambos a mesma génese de matéria celeste, e a respectiva perspectiva futura causada por esta aceleração. Ora, distanciando-me rapidamente da implicação da Ciência nesta matéria - que é pouco dançável, procurei assumir um olhar poético sobre uma dicotomia aceleração/contemplação, procurando uma esperança de beleza no futuro sobre um inevitável caos e ruído tecnológico.
- Eu estarei sozinha;
- O piano, preparado (com uma série de objectos que modificam o timbre e que abrem novas possibilidades sónicas, como signo do futuro), funcionando como um híbrido de funções não típicas do instrumento;
- A Música, aberta e permeável à transfiguração, sobre pequenos fragmentos compostos por mim (aqui como signo da liberdade e de desejo de contemplação e transfiguração do material em tempo real) - com a intenção única de ir ao encontro da beleza - ou algum tipo de beleza, o que quer que seja que ela significa.
Jovem pianista e compositora, Clara Lacerda tem-se destacado na cena Jazz nacional com uma multiplicidade de projetos.
Natural de Vila Nova de Famalicão, a pianista passou pelo Conservatório de Música do Porto e pela ESMAE (Porto) e estuda composição com Abe Rábade e Carlos Azevedo.
Um dos seus projectos mais originais é o trio Herse, com a cantora Sofia Sá e a violoncelista Raquel Reis – que resultou de uma encomenda para o festival Theia e passou também pela Festa do Jazz.
Foi convidada a escrever um arranjo para a Orquestra Jazz de Matosinhos e estreia um quinteto, com Afonso Silva, João Pedro Brandão, Romeu Tristão e Marcos Cavaleiro no espaço Porta-Jazz.
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