Escrita dois anos depois de Um Inimigo do Povo, O Pato Selvagem é uma das obras-primas absolutas de Henrik Ibsen. Se na primeira, o dramaturgo norueguês questionava os mecanismos da verdade, na segunda, o pomo é colocado na mentira e na sua (piedosa) necessidade.
A peça centra-se na figura do idealista Gregers Werle, que tem a compulsão de dizer a verdade a todo custo. Perante os segredos que conhece da família do perturbado Hjalmar Ekdal, Gregers decide revelá-las, mas perante isso provoca um conjunto de eventos que culminam em tragédia.
Miguel Maia e a Companhia Cepa Torta agarram todas as “dúvidas” presentes na peça de Ibsen e, “num palco feito arena, coberto de ecrãs, numa luta desigual entre a presença física e a imagem imortal, entre o corpo a corpo e um filtro de cores vintage, mais um tag de localização e um conjunto de emojis coloridos”, propõem revisitar este clássico do teatro cruzando “o seu potencial simbólico” com as inquietações da era das redes sociais. [texto de Frederico Bernardino/ACL]
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