Conferência "Conflitos e Projetos" | BPARLSR

Conferência

22 de março | 18 h

Auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro

Conflitos e projetos de ordem interna na ilha Terceira depois da Segunda Guerra Mundial (1945–1952)

No âmbito da exposição A Intemporalidade de Cândido Pamplona Forjaz, terá lugar a Conferência Conflitos e projetos de ordem interna na ilha Terceira depois da Segunda Guerra mundial (1945–1952), pelos oradores convidados, Doutora Beatriz Valverde Contreras (Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra) e Doutor Alexander Keese (Université de Genève, Suíça).

Sacudidos pelos anos da Segunda Guerra Mundial, as ilhas do arquipélago dos Açores vivem a partir de 1943 uma transformação profunda da sua situação social, abrangendo a ilha Terceira como epicentro. O motivo das mudanças era, antes de tudo, a instalação de uma presença norte-americana permanente na Base das Lajes. Pelo contato constante com membros do exército americano, mas também em função dos efeitos económicos mais vastos, a sociedade terceirense mudou profundamente enquanto simultaneamente a Base era um ponto de atração para muitos açorianos, vindos de outras ilhas, à procura de melhores condições de vida.

A existência da Base gerou conflitos de interpretação nas elites terceirenses, influenciando a sua forma de interagir com a autoridade do Estado. Entretanto, originou outras oportunidades para trabalhar e socializar fora dos quadros mais conhecidos.

Faltavam importantes elementos, até há pouco tempo, para poder analisar esta transformação, além da memória dos testemunhos e as imagens que nos ficam. O fundo Cândido Pamplona Forjaz, um dos arquivos privados agora acessíveis a todos os historiadores, lança outros matizes para melhor perceber as transformações do tecido social da ilha, na primeira década depois da Segunda Guerra Mundial.

Biografias:

Beatriz Valverde Contreras é investigadora no Centro de História da Sociedade e da Cultura da Universidade de Coimbra. É doutorada em História pela Universidade Complutense de Madrid com uma tese premiada sobre as exposições universais e comemorações culturais espanholas como fator de criação da nação e duma identidade nacional, entre 1875 e 1905. Na sua investigação de pós-doutoramento seguiu diferentes linhas: por um lado, analisou os comportamentos sociais relacionados com a violência e o protesto, de forma comparativa entre Espanha e o continente português, entre 1885 e 1910. Também fez investigação sobre o trabalho forçado na colónia de São Tomé e Príncipe na década de 1930. Atualmente, está a desenvolver um projeto de investigação sobre o papel da Espanha como poder de proteção do bem-estar dos prisioneiros de guerra franceses retidos na Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial.

Alexander Keese é professor catedrático em história contemporânea na Universidade de Genebra na Suíça. Principalmente especialista em história africana, doutorado em 2004 pela Universidade de Friburgo na Alemanha, e agregado em 2010, trabalhou entre 2009 e 2011 no Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto, antes de ser nomeado diretor de investigação na Universidade Humboldt de Berlin na Alemanha e, em 2015, em Genebra. Dos seus estudos sobre a história de África lusófona, começou a interessar-se por elementos de repressão policial e de transformações sociais na sociedade portuguesa entre 1945 e 1980, e dirige atualmente um grupo de investigação na Universidade de Genebra que analisa, de maneira comparativa, a história do quotidiano sob o Estado Novo português, entre a história do continente, Açores, e certos territórios coloniais da África lusófona (sobretudo São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau).

Beatriz e Alexander publicaram em conjunto dois artigos internacionais sobre a repressão da PIDE/DGS e a vida quotidiana na ilha Terceira e no grupo central:

(acesso livre em https://doi.org/10.1093/jsh/shx163)

(acesso livre em https://doi.org/10.1177/02656914221087842)

Fonte: http://www.culturacores.azores.gov.pt/agenda/default.aspx?id=47251