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FOTO VC inaugura exposição de Francisco Rui Apolinário Correia

FOTO VC inaugura exposição de Francisco Rui Apolinário Correia

"Variações em modo de luz" de Francisco Rui Apolinário Correia inaugura no próximo sábado, dia 20 de janeiro, às 16h30, no Teatro Municipal.

A exposição, com curadoria de FOTO VC, estará patente até 18 de fevereiro de 2024, podendo ser visitada de terça a sexta-feira, das 10h30 às 12h30 e das 14h30 às 19h00, e aos sábados, das 10h30 às 12h30.

Variações em modo de Luz

Volta-se sempre à questão essencial, sendo que a fotografia, ela mesma, a coloca de uma forma visivelmente interpelativa: face à condição efémera, simultaneamente tão consciente como recíproca do eu e do mundo, como justificar o insistente desejo de fixar o lastro temporal numa imagem fotográfica? Não será porque desses mesmos “instantâneos” nos é possível reconhecer, ainda que de um modo fragmentado, o que somos conjuntamente com a nossa história/memória? Como refere Pierre de Fenoÿl, acentuando o carácter cronofotográfico do nosso modo de estar e de nos relacionarmos com o mundo, “O inventor da minha história não é Niepce nem Daguerre ou Talbot mas Herschell”. Mas Herschell, inventor do fixador/agente químico estabilizador da permanência da imagem fotográfica no respetivo substrato, também terá reconhecido, decerto, que a sua fórmula se revelava inócua para estancar o devir temporal. Talvez se trate então da necessidade de imprimir um sentido a um Tempo nunca resolvido. No entanto, o que não deixa de ser uma luta contra o tempo é, também, uma arte que, na manifesta impossibilidade de encapsular “esse” tempo, possui a virtude de o recolher em forma de luz. Neste ponto, sabemos o quanto é difícil discernir com exatidão o que pertence à técnica e o que se situa na esfera da arte. Não importa aqui discutir o grau de exatidão. Presentemente, uma câmara digital ou um smartphone, são capazes de acolher a luz com uma “atitude” tão rigorosa (porque de algoritmos se trata), quanto prenhe de criatividade! E como fazê-lo com uma câmara escura reduzida a uma simplicidade tão desarmante quanto arcaica, isto é, desprovida de qualquer aparato tecnológico, como o é a câmara pin-hole/estenopeica?

A quinta-essência da fotografia é a luz, tantas vezes conjugada com a sua ausência. Considerada um lugar-comum no discurso fotográfico, esta afirmação poderá ser entendida também como o denominador comum de um conjunto de pontos de vista que ao longo da história da fotografia deram origem a outras tantas teses de carácter ontológico que, por seu labor, tentam dar resposta à questão fundamental, de certa forma já aqui formulada, “O que é a fotografia?”. Seja qual for a perspectiva defendida, poderemos entender o “fazer” fotográfico como pretexto para um exercício de um acto hermenêutico. Assim sendo, a fotografia para além de poder ser vista como um “espelho com memória” (Oliver Wendell Holmes), é também esboço de uma possível interpretação acerca de um real que por estar, pelo menos aparentemente, tão próximo, teima em ocultar-se. “Facilmente aceitamos a realidade, talvez porque intuímos que nada é real” (Jorge Luís Borges). Talvez esta intuição nos livre de uma atitude acrítica perante um mundo que se apresenta em forma de “pack” que deverá ser comprado e consumido, de preferência, no mais curto período de tempo para dar lugar a um novo e mais sofisticado cenário. Assim sendo, não deixa de ser extremamente estimulante, através do acto fotográfico, a construção de um discurso que procure “dizer”, interpelando-se e interpelando, essa mesma voragem/vertigem (social/comunicacional, económica, política, cultural) que possui como palco um mundo no qual tudo acontece em simultâneo e que, frequentemente, só se deixa perceber como um ruído intenso que nos confunde e adormenta o espírito.

Francisco Rui Apolinário Correia nasceu em S. João da Madeira (1961)

Licenciou-se em Filosofia na Universidade Católica Portuguesa (Faculdade de Filosofia de Braga).
Frequentou o atelier de fotografia com o professor Aníbal Lemos no Centro de Arte de S. João da Madeira (entre 1988 e 1991) onde obteve formação nas áreas de processamento químico de películas fotográficas a preto e branco, diapositivos e impressão de fotografia (química). Posteriormente experienciou vários “workshops” na área da impressão (química) de imagens a preto e branco, nos laboratórios do Centro Português de Fotografia, assim como no Laboratório “La Chambre Noir” em Paris sob orientação de Guillaume Geneste. Desde 2008, tem vindo a frequentar acções de formação na área da fotografia digital (recolha, tratamento e impressão digital de imagens). Na qualidade de fotógrafo/impressor participou em diversas exposições individuais e colectivas, onde se inclui a participação na 9ª Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira em representação da Cooperativa Árvore. Ao longo de todo o seu percurso como fotógrafo, até à presente data, tem vindo a colaborar com diversas companhias de teatro (no âmbito da fotografia de cena), nomeadamente com “Os Comediantes/Porto”, com o “Teatro Universitário de Aveiro”, com o “TRIGO LIMPO teatro ACERT/Tondela”, com o grupo de teatro “Fatias de Cá/Tomar”, assim como em projectos educativos/formativos em diversas instituições tais como o Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, a Escola Superior de Teatro e Cinema/Amadora, a Escola Superior de Educação de Coimbra / Licenciatura em Teatro e Educação, na ESMAE/Licenciatura em Teatro / variante Interpretação / Porto, entre outros. Paralelamente, tem desenvolvido novos projectos fotográficos assentes na prática da fotografia digital, para além da continuada prática analógica como é o caso da fotografia estenopeica/pinhole. Nesta área (fotografia estenopeica), tem vindo a ser orador em palestras e mesas redondas bem como tem sido um dos curadores do Porto Pinhole Photography, concurso anual de fotografia pinhole que se realiza no Porto nas Galerias MiraForum.

FOTO VC - Ciclo de Exposições de Fotografia

O FOTO VC "nasceu" em abril de 2018 visando a cativação de público(s) e a criação de hábitos culturais na área da fotografia.
Esta arte (cada vez mais democratizada), possuía (até então) um papel secundarizado na programação cultural da cidade. O surgimento deste ciclo de exposições de fotografia em Vila do Conde possibilitou pela seleção e qualidade das mostras que a cidade começasse a ser referenciada no âmbito dos roteiros expositivos da fotografia em Portugal. Até à presente data foram produzidas 31 exposições de fotografia englobando 150 autores nacionais e internacionais. Paralelamente foram levadas a cabo 22 marcantes conversas com diversos fotógrafos envolvendo ainda, nas mesmas, 19 outros diferentes convidados das mais diversas áreas.

A Câmara Municipal de Vila do Conde tem sido (desde sempre) um apoio inequívoco e um parceiro determinante na organização e sistematização das já muitas atividades levadas a cabo pelo FOTO VC.

Fonte: https://www.cm-viladoconde.pt/pages/657?event_id=3535
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