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Só depois percebemos que tudo se passou no futuro

Só depois percebemos que tudo se passou no futuro

Nesta segunda sessão do ciclo “Entre Culturas – Artes, artistas e intelectuais entre Portugal e Moçambique”, o artista Manuel Santos Maia apresentará o seu projeto “Alheava”, iniciado em 1999, o qual compreende dois períodos. O primeiro, entre 1999 e 2014, foi apresentado em diferentes espaços nacionais e internacionais, contemplando diversas práticas artísticas. Neste primeiro período, Manuel Santos Maia parte da memória individual e familiar para abordar o alheamento de Portugal face ao seu passado colonial, num tempo pós-colonial. É durante esta fase do projeto, em 2007, que o artista realiza o filme que será apresentado durante a sessão. Trata-se de um filme polémico que nos propõe uma discussão aberta sobre o passado colonial português em Moçambique, a partir da apropriação de “não momentos” filmados pelo seu pai durante o colonialismo tardio. É António Manuel Machado Maia, pai do artista, quem assume o lugar do narrador para nos contar a sua vida em Moçambique, sem camuflar uma realidade na qual, enquanto se investia no progresso da então colónia, se desenrolava uma guerra que abriu feridas dos dois lados. O segundo período do projeto “Alheava” começa em 2014, quando Maia regressa a Moçambique, o país onde nasceu, após quase 40 anos de ausência. Este regresso acontece depois de uma década e meia de pesquisa e após a partilha pública de memórias e reflexões. Neste segundo período, o artista realizou várias exposições em que retorna aos seus/nossos lugares de memória para repensar a ligação entre Portugal e Moçambique.

Em suma, poder-se-á dizer que o projeto “Alheava” é dedicado às questões do colonialismo e do pós- colonialismo, numa perspetiva transtemporal, aliando a História social e política, às narrativas familiares e à auto-ficção – elaborando problemáticas e ensaiando configurações estéticas capazes de contribuir ativamente para a interpretação das relações coletivas com o passado colonial – bem como com uma antropologia da memória (o acontecimento traumático e a pós-memória incluídos) para refletir os trânsitos interculturais em que se constrói o Portugal contemporâneo.

Minibio de Manuel Santos Maia

Manuel Santos Maia – Nampula, Moçambique, 1970. Vive e trabalha no Porto. Licenciado em Artes Plásticas - Pintura pela FBAUP. Expõe regularmente desde 1999. Contemplando diversas práticas artísticas, como a instalação, a fotografia, a pintura, o vídeo, a performance, o teatro e o som, a obra de Manuel Santos Maia tem sido apresentada em diferentes países e em diversas cidades nacionais.

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