A exposição antológica de José Maria Vaz da Silva mostra um percurso que atravessa a história do cinema português e que se inicia em 1976 como assistente de imagem de José Álvaro Morais em Ma Femme Chamada Bicho, filme sobre os pintores Vieira da Silva e Arpad Szenes.
A exposição divide-se em três núcleos distintos de forma a ativar cruzamentos e ideologias: uma mostra fotográfica dedicada ao lado oculto do cinema – os bastidores, com imagens de “making of’s / behind the scenes” gentilmente cedidas por João Abel Aboim, pela família de Fernando Lopes, por José Nascimento e outros. E a mostra de textos – cartas endereçadas a José Maria para a exposição, fragmentos de relações que o cinema construiu.
Na segunda sala, apresenta-se uma seleção de filmes em que José Maria Vaz da Silva participa como ator – pequenos papéis de apoio à narrativa dramática que tradicionalmente são pedidos pelos realizadores aos elementos da equipa, uma prática sobretudo do cinema independente: Wim Wenders em O Estado das Coisas, filmado em Portugal em 1982, Manoel de Oliveira em Porto da Minha Infância (2002) ou Raoul Ruiz em La Ville des Pirates (1983), que dá a imagem à exposição. Apresentam-se, também, nesta sala filmagens selecionadas de “making of’s / behind the Scenes”.
Na sala de projeção, apresenta-se Vaz da Silva como realizador, através das curtas-metragens Sereia (2007), Caravaggio (2008) e Segredos (2010), produzidas por Paulo Branco – obras raramente exibidas.
Através de filmes e imagens que se cruzam e entrelaçam, a exposição pretende abrir um espaço de acolhimento à temporalidade ilimitada do cinema e a alguém que lhe dedicou a vida – porque é importante não deixar morrer a memória que guarda o rosto da nossa singularidade.
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