Laureados UA - João Santos: "Entre Lamentos e Devaneios"

 "Entre Lamentos e Devaneios" explora o vasto leque de emoções que compõe a experiência humana. Desde a perda, luto e desespero à exaltação e celebração da vida.
explora o vasto leque de emoções que compõe a experiência humana. Desde a perda, luto e desespero à exaltação e celebração da vida.
  Em 1720, ano de que data a sua 2.ª partita para violino solo, Bach regressa de uma viagem e é surpreendido pela morte da mulher, demasiado tarde para presenciar o funeral. Embora não se possa afirmar incontestavelmente que Bach se inspirou nesta perda, é notória a sensação de desalento que permeia esta obra. É esta emoção que serve de base à “Élégie de Vieuxtemps”, onde se evidencia um lamento, frustração e angústia perante a morte.
  Em contraste, temos a vivacidade e influências folclóricas romenas na "Peça de Concerto" de George Enescu. A toda esta jovialidade é associado um virtuosismo algo incomum na escrita para viola, decerto advindo da proficiência técnica que Enescu possuía desde tenra idade. Talvez precisamente pela peculiaridade e exotismo, é uma obra marcante do repertório para viola e piano.
  Já Brahms opta por uma visão mais equilibrada da vivência humana, conjugando, ao longo dos quatro andamentos da sua sonata, melancolia e saudade com a inocência e euforia de uma criança.
  Temos assim um programa que percorre uma extensa gama de sentimentos, revelando a criatura frágil e singela no cerne do ser humano.

Prémio de Interpretação Frederico de Freitas/Universidade de Aveiro
Frederico Guedes de Freitas (1902-1980) é considerado uma personalidade multifacetada e marcante na cultura portuguesa do século XX. Com um enfoque particular na composição de diversos géneros de música (desde erudita à criação para a indústria fonográfica, cinema, teatro e dança) e direção de orquestra, foi também pedagogo, musicólogo, articulista e crítico musical. Ocupou cargos relevantes na Sociedade Coral de Lisboa, no Centro de Estudos Gregorianos de Lisboa, na Companhia de Bailados “Verde-Gaio”, na Orquestra de Câmara e Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional e Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música do Porto. 
Em 2010, o seu fundo foi doado à Universidade de Aveiro pela filha, a maestrina e compositora Elvira de Freitas. Integra este fundo um vasto conjunto de partituras da sua autoria e de outros compositores, correspondência, recortes de imprensa, fotografias, publicações periódicas, programas de eventos musicais, notas pessoais e textos manuscritos e discos de goma-laca decorrentes da sua atividade pessoal e profissional entre os anos de 1918 e 1980.
O Prémio de Interpretação Frederico de Freitas/Universidade de Aveiro foi criado em 2013 por Pedro Rodrigues e António Vassalo Lourenço, e destina-se exclusivamente aos alunos do Departamento de Comunicação e Arte da UA que se encontrem a frequentar a Licenciatura, Mestrado em Música ou Mestrado em Ensino de Música. Das passadas edições, destacam-se os vencedores do primeiro lugar do prémio:  

2013 - Tiago Ferreira (percussão)
2014 - Ricardo Rodrigues (saxofone)
2016 - António Luís Silva (piano)
2017 - Joana Soares (oboé)
2018 - Alexander Stretile (piano)
2019 - Rita Santos (violino)

2023 foi o ano de regresso do evento após o contexto pandémico, tendo sido a edição mais concorrida de sempre com 44 concorrentes, e cujo vencedor foi João Santos (viola d’arco).