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William Basinski ⟡ ZDB na Igreja St. George

William Basinski ⟡ ZDB na Igreja St. George

Entrada: 22€ Bilhetes disponíveis: https://zedosbois.bol.pt/

Se nas últimas três décadas aprendemos muito sobre o real valor do tempo e da memória na música, devemo-lo a William Basinski. Figura impressionante e marcante da música popular – é redutor reduzi-lo ao “experimental” – deste século, ávido colecionador, restaurador e vendedor de carros antigos, e alguém com uma história de vida tão fascinante que se pode dar ao luxo de dizer que viu o primeiro concerto de Madonna e não achou grande coisa. Ele esteve lá, é assim que se lembra da coisa, do momento. E ele também esteve lá, na Nova Iorque de final dos 1970s e dos 1980, fez parte da cidade que brotou daí e terminou com o 11 de setembro. O destino tem destas coisas, foi em Agosto e Setembro de 2001 que Basinski estava em Nova Iorque a tentar salvar uns tape loops em fita e, à medida que o ia fazendo, a fita ia desintegrando-se. Assim nasceram os quatro volumes “The Disintegration Loops”, na capa dos CDs originais, stills de gravações que Basinski filmou do seu terraço dos ataques do 11 de setembro, o fumo das Torres Gémeas acompanhava estes loops que se desintegravam nos nossos ouvidos e que transformaram para sempre a nossa relação com a música.

A música de Basinski – e não só os “Loops” – tem uma capacidade única de nos chamar para a memória, um ciclo de restauro do tempo no presente. O que a música evoca, se sente, não são necessariamente as memórias, mas as novas memórias que criamos ao evocar essas memórias. Ausenta-se assim de qualquer sentimento de nostalgia, de relação afetiva com o passado apenas por ser passado, “um tempo melhor”. “The Disintegration Loops” abriram essa caixa, mas desde então, seja através do resgate de música anteriormente gravada, ou de nova música, o compositor norte-americano tem mostrado uma discografia pujante, com diversos pontos altos e sem tocar na mediania: talvez porque a cada novo álbum de Basinski nunca se sinta que é mais do mesmo, porque não é só da música em si que se trata, mas daquilo que ela procura em nós. Os exemplos são vários, “Silent Night” (2004), “Variations for Piano and Tape” (2006), o assombroso “92982” (2009), “Nocturnes” (2013), “Cascade” (2015), “A Shadow in Time” (2017) e o mais recente “The Clocktower at the Beach” (2023). A relação com cada um deles é diferente, tal como é com cada concerto de William Basinski. Já passou várias vezes em Portugal e cada espectáculo é único, quase sempre parte de um ciclo diferente, de uma memória do compositor que também passa a tornar-se nossa. Isto tudo em contraciclo com o seu tempo, com outras formas de rebuscar a memória que a cultura popular tem explorado neste século – seja hypnagogic pop ou hauntology -, porque Basinski não trabalha a nostalgia, a evocação de um tempo melhor. Importa a relação com o tempo, o que está entre x e y, o que se sente, o que muda quando se sente esse sentir. Ouvimos sempre o mundo a mudar cada vez que escutamos Basinski. Transformamo-nos quando o vemos ao vivo. AS

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