17:30 até às 19:00
Ciclo LIBERTAR a MEMÓRIA | Suzano Costa | 26 de Agosto

Ciclo LIBERTAR a MEMÓRIA | Suzano Costa | 26 de Agosto

Curadoria: SUZANO COSTA Entrada livre com pré-reserva: ccf@cineclubefaro.pt

I Am Not Your Negro / Eu Não Sou o teu Negro (2016) - França/EUA, DOC, 1h33min M/12 Realização de Raoul Peck Escrito por James Baldwin e narrado por Samuel L. Jackson

Sinopse Em 1979, o poeta e ensaísta James Baldwin escreveu ao seu editor dizendo que o seu próximo projecto, Remember This House, seria um livro revolucionário sobre as vidas e os assassinatos de três dos seus amigos mais próximos: Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King, Jr. - os três maiores líderes negros da década de 1960. A obra analisa a história do racismo, assim como o tratamento dado às minorias em território norte-americano. Quando morreu, em 1987, deixou apenas 30 páginas do manuscrito. O manuscrito inacabado foi confiado ao realizador haitiano Raoul Peck que, combinando textos e imagens de arquivo em que o autor expôs os seus pensamentos, decidiu fazer um documentário sobre o tema. Este documentário extraordinário, narrado pelo actor Samuel L. Jackson, dá voz às palavras de Baldwin e, usando preciosos materiais de arquivo, volta a trazer para a ribalta as questões raciais na América. "Eu Não Sou o Teu Negro" é uma reflexão sobre as lutas históricas pela igualdade de direitos e a forma como o tema se mantém actual e pertinente no contexto do século XXI. Estreado no Festival de Cinema de Toronto (Canadá), foi nomeado para o Óscar de Melhor Documentário.

Sessão de 26 de Agosto - referente ao dia 23 de Agosto - Dia Internacional em Memória do Tráfico de Escravos e da Sua Abolição

O dia 23 de Agosto tem vindo a ser assinalado pela ONU desde 1998, como um marco que tem por objetivo relembrar a revolta que ocorreu na noite de 22 para 23 de Agosto, de 1791, em São Domingos, antiga colónia francesa nas Antilhas, território que corresponde atualmente ao Haiti e República Dominicana, e que marca o início do fim da escravatura e da desumanização, levando à abolição do tráfico transatlântico de escravos. Este capítulo da história mundial deve servir de lição para “desconstruir os mecanismos retóricos e pseudocientíficos” que viabilizaram o crime da escravatura e da escravidão mas também do racismo estrutural e da continuidade do preconceito e descriminação que persistem até aos dias de hoje. No ciclo de cinema Libertar a Memória, o curador desta sessão, Suzano Costa traz-nos este filme poderoso e crítico, justamente de um cineasta haitiano, Raoul Peck, que liga uma história desconfortável aos movimentos presentes de luta e reivindicação contínua de direitos cívicos e igualdade, dando voz aos escritos e reflexões de James Baldwin. Mas segundo as palavras de Luís Miguel Oliveira do Jornal Público “a representação cultural precede a representação política, e as palavras combativas de Baldwin voltam insistentemente a este ponto – contar a história dos negros americanos, antes e depois do movimento pelos direitos cívicos, é contar a história de um segmento da população que, durante décadas (ou séculos), não teve direito, pelo menos a uma escala massificada, à auto-representação. Viveu com imagens criadas por outros, retratos de “criaturas que existem apenas na imaginação dos brancos” (dixit Baldwin). O realizador Raoul Peck demonstra que os pensamentos e as causas de Baldwin [1924-1987], escritor mal conhecido e pouco traduzido na Europa, continuam a ecoar no presente. E no cinema. Num filme que recorre a muito material de arquivo mas também a imagens novas que filmou na actualidade, constata-se que essencialmente, pouco ou nada mudou A América que nunca soube pacificar a relação entre as raças, e que ainda hoje, todos estes anos depois da morte do escritor, continua dilacerada por isso. Mas o que é que isto tem a ver connosco? Baldwin afirma que “a história não é o passado, é o presente, transportamo-la connosco, somos a nossa própria história”. Como quem diz que de nada serve olharmos para isto de fora, achar que não é nada connosco, que isto é uma questão “lá deles”. Não é. Basta que nos lembremos de quem, quando e como começou toda esta história do tráfico de escravos transatlântico… Vamos ver, de olhos bem abertos, onde é que isto se cruza com o nosso território, a Europa e a história comum que nos separa - dia 26 de Agosto, porque as nossas sessões são ao sábado, lá estaremos no Auditório da Fortaleza de Sagres à vossa espera.

Luísa Baptista sobre Libertar a Memória - Sessão 26 de Agosto - I am Not Your Negro, Lagos, 2023

Suzano Costa Suzano Costa é investigador do Observatório Político. Licenciado, Mestre e Doutor em Ciência Política, na especialidade em Teoria e Análise Política, pela Universidade Nova de Lisboa, obteve, ainda, uma pós-graduação em Política Comparada pelo ICS-UL e em Eleições e Sistemas Eleitorais pelo IHC-FMS. Foi bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia, tendo sido distinguido com o Prémio “Mérito & Excelência” (UNL), o Prémio “Fórum D&C” (IMVF) e o Prémio “2D’s” (IDD). Exerceu funções no Secretariado-Executivo da Associação das Universidades de Língua Portuguesa, foi fundador da Tertúlia Crioula e dinamizador de várias iniciativas cívicas, académicas e comunitárias. As suas publicações mais recentes incluem os livros Entre África e a Europa: Nação, Estado e Democracia em Cabo Verde (Almedina), As Relações Externas de Cabo Verde: (Re) Leituras Contemporâneas (ISCJS) e Estado e Qualidade da Democracia em África: entre a Letargia Cívica e a Omnipresença Leviatã (Principia).

O Cineclube de Faro traz este ano à Fortaleza de Sagres o ciclo de cinema Libertar a Memória, com coordenação artística de Luísa Baptista que decorre uma vez por mês, sempre aos sábados, pelas 17:30h durante os meses de Junho a Setembro, com entrada livre através de pré-reserva: ccf@cineclubefaro.pt Através de escolhas de um grupo de curadores convidados vamos abordar o tema Patrimónios (des)confortáveis do DiVaM 2023, com os contributos de Gisela Casimiro, Luca Argel, Suzano Costa e Kitty Furtado que em cada mês serão responsáveis pelo conteúdo a exibir e participam através de uma forma indirecta (será uma surpresa) em cada uma das sessões. Temas como (des)colonização, escravatura, segregação social, lugares e identidades, formas de organização, dicotomias sociais e culturais, aqui numa pluralidade de perspectivas e visões alternadas de questões fragmentárias da sociedade, que à luz dos acontecimentos actuais, sugerem que talvez a História não esteja assim tão bem contada. Haverá também uma curadoria literária da responsabilidade de Marta Lança e do projecto BUALA - livros escolhidos para enquadrar, desafiar e abrir novos caminhos e que poderão ser adquiridos em cada sessão.

SESSÕES LIBERTAR A MEMÓRIA // SÁBADOS // 17:30

24 DE JUNHO Curadoria: Gisela Casimiro Lugar em Parte Nenhuma (2016) - Portugal, ANI, DOC, 7min Bárbara de Oliveira e João Rodrigues + Debaixo do Tapete (2023) - Portugal, DOC, 48min Catarina Demony & Carlos A. Costa

22 DE JULHO Curadoria: Luca Argel Babás (2010) - Brasil, DOC, 20min Consuelo Lins + A que horas ela volta? (2015) - Brasil, Drama, 1h47min Anna Muylaert

26 DE AGOSTO (referente a 23 de Agosto - Dia Internacional da Lembrança do Tráfico Negreiro e da sua Abolição) Curadoria: Suzano Costa I Am Not Your Negro (2016), França, EUA, DOC, 1h33min Raoul Peck

23 DE SETEMBRO Curadoria: Kitty Furtado Eu não sou Pilatus (2019) - Portugal, DOC, 11min Welket Búnguè + Monumento Catástrofe (2022) - Portugal, DOC, 69min Colectivo Left Hand Rotation

FICHA TÉCNICA // LIBERTAR A MEMÓRIA Projeto apoiado pela Direção Regional de Cultura do Algarve Coordenação e Direção Artística: Luísa Rosa Baptista Promotor: Cineclube de Faro Direção: Carlos Rafael Lopes, Afonso Coelho, Miguel Veiga e José Guerreiro Direção Técnica e Projeção: Pedro Mesquita Apoio administrativo: Ana Cristina Mendes Webdesign: Verónica Guerreiro/Bloco D Consultoria gráfica: Nuno Martins [studio21812] Design gráfico: Francisco Ramos Vídeo: Diogo Grilo

Libertar a Memória é um projeto do Cineclube de Faro, com a coordenação e direção artística de Luísa Baptista, apoiado pela Direção Regional de Cultura do Algarve / DiVaM - Dinamização e Valorização dos Monumentos. Conta com BUALA e a livraria A Internacional como parceiros e com apoio da Multicópias - Centro de Soluções Gráficas.

A programação detalhada do ciclo e cinema Libertar a Memória poderá ser consultada aqui: https://www.cineclubefaro.pt/libertar-a-memoria

Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
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