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PARA NADA a partir de Samuel Beckett

PARA NADA a partir de Samuel Beckett

A ajidanha tem agendada para o próximo dia 13 de julho, quinta-feira, pelas 21h30m, no Teatro Estúdio São Veiga, a apresentação da peça de teatro, "Para Nada" a partir de Samuel Beckett.

Um espectáculo com encenação, espaço cénico e desenho de luzes de Jean Paul Bucchieri, com Sylvie Rocha. Making of Alessandro Simonelli. Com a colaboração de Francisco Luís Parreira.

O espectáculo tem preço livre. Tendo em conta que apenas existirá uma sessão deste espectáculo, o número de entradas esgotará com o preenchimento da disponibilidade de lugares do teatro estúdio.

As reservas poderão ser feitas através do número de telemóvel 938983960 ou pelo e-mail: ajidanha@gmail.com

“Abandonar, tudo foi abandonado, não é coisa recente, eu não sou recente. Portanto, houve uma vez alguma coisa. Vamos acreditar que sim, mas saber que não, nunca houve nada a não ser o abandono. Fala-se em abandono, dizemos logo abandonar sem pensar.” (textos para nada, cap. X)

Pequena nota sobre encenação

Por vezes, parece impossível não voltar sempre a ele. Beckett é um autor que contribui para entender porque é que a capacidade de pensar livremente o mundo através da palavra é um lugar essencial para tentar aproximar o ser humano a aceitar a impossibilidade de compreender esse mesmo mundo. “Depois passa, tudo passa, estou outra vez longe, contínuo a ter uma historia longínqua, espero por mim ao longe para a minha história começar, para a minha história terminar, e mais uma vez esta voz não pode ser a minha.” As palavras de Beckett estabelecem a impossibilidade de que alguma coisa não seja também o seu contrário e a possibilidade de não se conseguir definir as coisas através das palavras. Tudo com Beckett parece possível e ao mesmo tempo impossível. A sua avalanche de palavras derrota qualquer tipo de posicionamento possível e desejável. A inteligência, a lucidez e a capacidade de compreender a impotência das palavras em Beckett ajuda-nos a observar o mundo e a estabelecer um intenso diálogo com o conceito de liberdade bem como nos confronta, sem interrupções, com uma incessante inversão de valores. Parece existir uma procura ininterrupta para sabotar o significado, que deixa a dramaturgia perpetuar num lugar de suspensão. Para nada é um espectáculo construído essencialmente para ser ouvido, apenas quarenta minutos, longos. Apetece poder pensar que ainda somos capazes de parar e voltar ao prazer da escuta, do escutar, nem que seja durante os quarenta minutos que este espectáculo dura, para, sentados, num espaço que naturalmente produz alguma intimidade, ouvir palavras,só. Não aprecio muito a palavra espectáculo em geral, ainda mais neste projecto que do conceito de espectáculo nada procura promover. Existem sobretudo silêncios e palavras. Palavras e silêncios. Suspensões e palavras em modo continuo, que procuram produzir um discurso muitas vezes, aparentemente, privado de qualquer narrativa e sem nenhuma referência a uma possível explicação. Procuramos subtrair ao máximo qualquer acontecimento, que pudesse retirar a possibilidade de captar com atenção cada palavra aqui produzida. Uma desconstrução permanente do sentido, um desafio continuo ao que chamamos de compreensão. Beckett é um autor que continua a surpreender-me. Cada vez que o tenho por perto e ouço cada linha dos seus textos, fico sempre surpreendido pela singular capacidade de sintetizar conceitos, ideias, pensamentos, pressupostos e raciocínios. Beckett desmonta-me, e ao mesmo tempo, seduz-me. Este espectáculo é construído a partir de uma montagem de alguns excertos do livro novelas e textos para nada, onde costuramos quatro momentos nos quais uma figura disforme (que poderia perfeitamente ser uma bactéria ou algo similar) habita e deambula um espaço esquecido, quase abandonado, construindo uma reflexão lúcida sobre o seu passado que, ao mesmo tempo, é o seu presente e futuro. Uma meditação sobre a humanidade e a sua natureza, por vezes, de uma forma cruel e acutilante, outras vezes com alguma ironia impercetível, mas sempre atenta à impossibilidade de produzir respostas. No espaço, esta figura única, cujo corpo que “é secundário, é secundário”, como afirma o próprio Beckett, parece estar a produzir uma sequela incessante de palavras cujos argumentos não produzem uma narrativa perceptível e imediata, atraindo o receptor para uma incessante procura de sentido. casa da azenha, vinte e quatro de junho 2023

PARA NADA a partir de Samuel Beckett (I parte da trilogia Beckett Kafka Pasolini)

textos a partir de NOVELAS e TEXTOS PARA NADA de Samuel Beckett

com Sylvie Rocha colaboração Francisco Luís Parreira making of Alessandro Simonelli

encenação, espaço cénico e desenho de luzes Jean Paul Bucchieri

duração 40m.

Agradecimentos Miguel Borges, Rui Pinheiro, Mafalda Cruz, Susana Quaresma, Dora Moneti, David Antunes, Madalena e Francelina Rocha, João Hora da Fundação Calouste Gulbenkian e Hugo Vieira da Silva da Junta de Freguesia de Campo de Ourique.

Um agradecimento especial ao Vasco Loução pela disponibilidade, a gentileza e a generosidade com que sempre recebe e acolhe com muito entusiamo todos os nossos projectos

Com o apoio de: Junta de Freguesia de Campo de Ourique A Padaria do Povo Ajidanha

“A minha vida é esta, porque não, é uma vida, se assim o quiserem, se levarem isso muito a peito, não digo que não, esta noite. É preciso ter uma vida, segundo parece, se já há palavra, não é preciso haver uma história, não é obrigatório haver uma história, basta uma vida, ora aí está o mal que fiz, um dos males, querer ter uma história, quando só a vida basta.”

(textos para nada, cap. IV)

Fonte: https://www.idanha.pt/agenda/teatro/para_nada/
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