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Salto | Exposição - 'Fios de luz'

Salto | Exposição - 'Fios de luz'

É inaugurada no próximo 18 de fevereiro, pelas 15 horas, no Ecomuseu de Barroso – Casa do Capitão (Salto), a exposição "Fios de luz" da autoria de Júlio Marques. Os trabalhos fotográficos podem ser observados até 21 de maio.

TEM A PALAVRA

Pedro Araújo | Ecomuseu de Barroso - "Casa do Capitão" (Salto)
«O trabalho do Júlio Marques há muito que estava referenciado pela "Casa do Capitão". Não só pela afinidade profissional e complementaridade de objetivos de trabalho partilhados, mas sobretudo pelo facto do Júlio Marques ser hoje, sem dúvida, um barrosão adotivo e um fafioto por direito próprio. Em Fafião, pura aldeia geresiana do Barroso Ocidental, o Júlio incontestavelmente encontrou a sua clareira heideggeriana, a sua licht (luz) e… a sua sombra. Como o próprio refere "hoje não reconheço mais a pessoa que era antes de me embrenhar nos seus [Parque Nacional Peneda-Gerês] encantos". A metamorfose a que alude fê-lo encontrar o seu Ser, a sua individualidade, o seu lugar no Mundo, permitindo a todos nós partilhar da sua felicidade enquanto fotógrafo, enquanto pastor de rebanhos livres, cuidador da natureza imaculada. Do ponto de vista da ecomuseologia, o percurso de vida do Júlio Marques é revelador de vários aspetos que não podem deixar de ser mencionados. Por um lado, a demonstração inegável do poder do meio físico e social no desenvolvimento humano. Seja através da Natureza como escape transitório, como espaço ritualístico, como laboratório do engenho humano ou como espaço de puro deleite contemplativo, é inegável o poder regenerador proporcionado pelas extensas áreas naturais do nosso planeta. Por outro lado, em contiguidade com a Natureza, as relações humanas são percecionadas como uma escolástica do reencontro. E aqui, o reencontro assume diversas formas: com o divino, com a memória, com outrem ou connosco próprios. O aporte oferecido a Barroso por exemplos de integração social, de que o Júlio Marques é exemplo, é prova da espantosa capacidade de regeneração de um território cujos duros desafios, presentes e futuros, necessariamente a reorientam para lá das suas fronteiras físicas, numa busca constante de um devir construído diariamente.
Sendo o Ecomuseu de Barroso feito de pessoas e por pessoas, a sua proveniência é, do ponto de vista formal, pouco relevante. Realmente importante é o contributo que cada um dá, dia após dia, para a manutenção de uma certa utopia que ainda mantém intacto o poder de encantar o incauto neste Reino Maravilhoso.
A exposição Fios de luz, tem como ponto de partida um desafio colocado ao Júlio Marques em janeiro de 2023. Numa primeira conversa, foi sugerido ao autor um exercício reflexivo tendo por base a sua experiência de vida desde o seu encontro com a cultura geresiana de Fafião, sobretudo a partir de 2014. Desde o início do contacto ficou claro que Fios de luz teria necessariamente de ser muito mais do que uma exposição de fotografia. A técnica refinada do fotógrafo e a estética cuidada estão, obviamente, presentes nos seus trabalhos, porém, importava ir mais além.»

Fonte: https://www.cm-montalegre.pt/pages/796?event_id=2377
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