Este projeto descreve uma procura de permanente descoberta. Sem planeamento nem predefinição, as formas desenvolveram-se cristalizando memórias encobertas, enquanto se iam diluindo as razões que normalmente (pré)determinam uma certa maneira de recordar. Essa descoberta só se torna possível quando a eminência da razão determinista deixe de encobrir o indeterminismo da irracionalidade associada à iminente imaginação.
Ainda que possa acreditar que procuro redescobrir o que já existe, não o faço relativamente a memórias factuais; o desejo remete-me mais às memórias de afetos e de emoções, ou melhor, de experiências com que no passado (me) senti e que desejo voltar a sentir no processo criativo. É a libertação dessa sensibilidade que cria aberturas criativas para o vislumbrar de formas de um imaginário errante. Sendo que a causa deste não são formas do real. Na verdade, as formas são irrealidades conscientes que representam realidades do inconsciente, este, sim, a causa das formas. É o inconsciente — na sua condição encoberta, informal e efervescente — que desencadeia a descoberta, com tanta liberdade quanto maior a indeterminação do processo da sua representação.
Luís Filipe Rodrigues (1971). Doutorado em Arquitetura/Ramo do Desenho (FAUL). Mestre em Educação Artística (FBAUL). Licenciado em Artes Plásticas-Pintura (FBAUP). Professor de Desenho na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa. Diversas exposições coletivas em Portugal e no estrangeiro — Milão, Amesterdão, Toronto, Skopje, Londres, Tallinn — e exposições individuais — a última, na Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa; entre outras: na ÁRVORE, Porto; Galeria Lapso, Setúbal; Galeria Monumental, Lisboa; Centro de Espetáculos e Exposições das Caldas da Rainha; Eger, Hungria. Aquisição do 1º prémio do Concurso de Artes — Fundação Inatel. Publicação do livro "Desenho, Criação e Consciência".
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