Neste projeto, Kenneth Feinstein interessou-se sobretudo pela forma como as pessoas são capazes de lidar com as exigências da adaptação em Lisboa em geral e na Mouraria e bairros vizinhos em particular. Ao longo de 2 meses, realizou inúmeras entrevistas com pessoas migrantes e portugueses de segunda geração.
Sendo neto de imigrantes judeus nos Estados Unidos, compreendo que algumas pessoas chegam a uma ‘nova terra’ devido a traumas vividos na sua antiga residência e algumas vêm à procura de um melhor estilo de vida. Trazem consigo uma grande parte da primeira casa enquanto se habituam a uma segunda e, em alguns casos, a uma nova língua.
O próprio tem a experiência de ter vivido longe da sua terra natal durante quase mais de uma década e meia, e percebe como se procede essa aculturação a uma nova cultura e ambiente. Como as pessoas assumem saber quem somos através de sugestões visuais superficiais e do sotaque. Aqui queria saber tanto os desafios de passar de uma cultura para outra, como os benefícios de viver em novas circunstâncias.
Este trabalho é composto por três elementos apresentados uns em relação aos outros. Primeiro, foram reunidos fragmentos de entrevistas, apresentando as vozes/opiniões dessas pessoas sobre a sua vida aqui em Lisboa. Depois, estes clips foram intercalados com vídeos da Mouraria, apresentando uma parte da vida diária na vizinhança. Finalmente, fez uma série de colagens baseadas nos azulejos encontrados nos edifícios da zona.
Nestas obras, os azulejos são lentamente substituídos – num processo de fusão visual – por relevos e estátuas do Sul e Leste da Ásia, misturando o imaginário tradicional católico com imagens do hinduísmo e do budismo.
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